A Secretaria de Comunicação da Presidência da República divulgou nota ontem, informando que "em razão dos fatos" em relação ao líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), "será escolhido novo líder na próxima semana, respondendo interinamente, nesta semana, os vice-líderes do governo naquela Casa".
Já pela manhã, poucas horas depois da prisão de Delcídio, o Palácio do Planalto e o PT já informavam terem começado a discutir um nome para substituí-lo na liderança. Atônitos com o que ocorreu, os senadores do PT se reuniram para avaliar a situação do correligionário. O senador José Pimentel (PT-CE), atual líder do governo no Congresso, deve acumular as duas funções temporariamente. Ele já teria sido chamado para conversar com a presidente Dilma Rousseff (PT) sobre o assunto.
Pimentel, inclusive, foi o primeiro petista a falar no plenário do Senado, quando defendeu o voto fechado quanto ao relaxamento da prisão de Delcídio. Segundo ele, a Constituição determina que, quando não houver regra específica, vale o regimento da Casa.
Pimentel não fez nenhum juízo de valor sobre o senador Delcídio. "Não vale priorizar a vontade do legislador sobre o que a lei determina", argumentou. "Entre a vontade do legislador e a legislação devemos ficar com a legislação", acrescentou.
Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) fez um discurso enfático em defesa do voto aberto. Ele pediu ao presidente Renan Calheiros que seu voto fosse aberto, mesmo se a decisão fosse pelo voto fechado.
"Pesa sob nós (senadores) a suspeição. Quero que o meu voto seja aberto", disse. Cristovam afirmou que a Casa não tem mais "gordura de credibilidade" com a população para utilizar o voto secreto.
O líder do DEM no Senado, o goiano Ronaldo Caiado, defendeu também o voto aberto. Caiado disse que, se a votação for secreta, o Senado pode ser recebido pela sociedade como uma casa de "réus". "Aqui há uma transcrição de uma conversa que constrange a todos nós. Será que o senador Delcídio estava lá para se beneficiar dessa situação ou será que estava sendo porta-voz se alguém?", alfinetou Caiado.