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Conselho de Ética

- Publicada em 19 de Novembro de 2015 às 19:40

Com a ajuda de aliados, Cunha cancela a sessão

Eduardo Cunha é acusado de manobra para adiar pauta do colegiado

Eduardo Cunha é acusado de manobra para adiar pauta do colegiado


LUCIO BERNARDO JR./CÂMARA DOS DEPUTADOS/JC
Após conseguir, com apoio do PT e da sua tropa de choque, suspender a reunião do Conselho de Ética que analisaria o parecer preliminar pela admissibilidade do pedido de cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o peemedebista manobrou mais uma vez e cancelou, já no plenário, a sessão ocorrida na manhã desta quinta-feira.
Após conseguir, com apoio do PT e da sua tropa de choque, suspender a reunião do Conselho de Ética que analisaria o parecer preliminar pela admissibilidade do pedido de cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o peemedebista manobrou mais uma vez e cancelou, já no plenário, a sessão ocorrida na manhã desta quinta-feira.
Após uma guerra de questões de ordem, o segundo secretário, Felipe Bornier (PSD-RJ), para quem Cunha passou a presidência, acatou os argumentos dos aliados do peemedebista assim que começaram as discussões acerca do Conselho. As alegações giraram em torno de descumprimentos de questões regimentais, todas já alegadas durante a reunião da comissão julgadora.
Mesmo sem integrar a comissão julgadora, a tropa de choque do peemedebista compareceu em peso à sessão. Sem registrar presença, um dos mais fiéis escudeiros de Cunha, André Moura (PSC-SE), pediu o encerramento da sessão antes mesmo que ela fosse aberta alegando falta de quórum. Com base no artigo 79 do Regimento Interno, alegou que, passados 30 minutos do horário marcado para o início dos trabalhos do Conselho, o presidente deveria declarar que não haveria quórum.
Agendada para 9h30min, às 10h apenas oito membros já haviam registrado presença. André Moura pediu a palavra às 10h20min. Às 10h23min, o quórum foi atingido, com 11 integrantes da comissão presentes.
Além do presidente e do relator, estavam Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Betinho Gomes (PSDB-PE), Júlio Delgado (PSB-MG), Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS), Paulo Azi (DEM-BA), Sandro Alex (PPS-PR), além dos suplentes Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Capitão Augusto (PR-SP) e Jorginho Mello (PR-SC).
Outro aliado de Cunha, Manoel Júnior (PMDB-PB) também apelou ao Regimento Interno, pedindo a leitura da ata da reunião anterior do Conselho, baseado no artigo 50 da norma da Casa. O presidente do Conselho afirmou não ter o documento pronto. Foi interrompido pelo aliado de Cunha, que afirmou que a sessão estava impedida de continuar por ferir o regimento.
"O presidente do Conselho de Ética é José Carlos Araújo e não Vossa Excelência", respondeu.
Como informou a Folha de S.Paulo, a sessão desta quinta-feira serviu como um teste de fidelidade dos membros do Conselho que os aliados de Cunha acreditam estar ao lado dele no caso. A orientação era esvaziar a reunião, o que ocorreu.
Em um acordo de bastidor que envolve o congelamento dos pedidos de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o PT cumpriu com a sinalização dada na quarta-feira de que ajudaria Cunha a protelar seu processo de cassação.
Na sessão desta quinta-feira, nenhum petista registrou presença até a abertura dos trabalhos. Em seguida, chegaram Assis Carvalho (PT-PI), que é suplente, e Zé Geraldo (PT-PA). Elesacompanharam a reunião em silêncio.

Relator diz que não se intimidará diante de ameaças

O deputado Fausto Pinato (PRB-SP), relator do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deixou, na tarde desta quinta-feira, a reunião com alguns parlamentares dizendo que não vai se intimidar diante das ameaças. "Vou fazer o papel que fui escolhido de maneira isenta e transparente. Vou fazer o meu trabalho", disse Pinato.
O relator saiu da Câmara sem dar detalhes aos jornalistas sobre as ameaças feitas contra ele e sua família. Segundo participantes da reunião, Pinato revelou que, além da pressão e dos constrangimentos que vem sofrendo, recebeu ligações telefônicas e uma abordagem de dois homens em uma moto no interior de São Paulo. De acordo com relatos, os homens se aproximaram do carro de sua família, se dirigiram ao motorista de Pinato e disseram para que o deputado tomasse cuidado com o que estava fazendo, pois sua família era muito bonita e poderia se machucar.
O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA) comunicou que vai requisitar proteção da Polícia Federal (PF) ao parlamentar em Brasília e em São Paulo. O vice-presidente do colegiado, Sandro Alex (PPS-PR), fez a denúncia das ameaças em plenário e disse que tomou a decisão para proteger o parlamentar e sua família. "Ele tem sofrido ameaças nos últimos dias", contou Sandro Alex.
O vice-presidente do Conselho disse que não podia se calar diante da gravidade dos fatos. "Ele nos relatou que tem vivido momentos muito difíceis e momentos tensos, mas que vai cumprir sua função", emendou o deputado do PPS.
Pinato se emocionou durante a sessão informal do Conselho de Ética ao receber a solidariedade de parlamentares devido às ameaças que ele e sua família receberam nos últimos dias.