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Lava Jato

- Publicada em 16 de Novembro de 2015 às 18:41

Gabrielli volta a defender a compra de Pasadena

José Sergio Gabrielli comandava a Petrobras na época da transação

José Sergio Gabrielli comandava a Petrobras na época da transação


EVARISTO SA/AFP/JC
O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli voltou a defender, nesta segunda-feira, que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras, em 2006, foi "uma operação normal e coerente com o Plano de Negócios da Companhia". A aquisição, caso emblemático de corrupção na estatal, é alvo da Operação Corrosão, 20ª etapa da Lava Jato.
O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli voltou a defender, nesta segunda-feira, que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, pela Petrobras, em 2006, foi "uma operação normal e coerente com o Plano de Negócios da Companhia". A aquisição, caso emblemático de corrupção na estatal, é alvo da Operação Corrosão, 20ª etapa da Lava Jato.
Ontem, um novo delator da Operação, o engenheiro elétrico Agosthilde Mônaco de Carvalho, detalhou à força-tarefa da Operação Lava Jato (investigadores) a pressão que o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli exerceu para a desastrosa compra da refinaria de Pasadena, no Texas. Em depoimento no dia 11 de novembro, Mônaco, que foi assistente de Nestor Cerveró na área internacional da Petrobras, revelou as transações que balizaram a compra da unidade de refino nos Estados Unidos e disse que, embora diversos diretores da estatal soubessem das más condições da refinaria, o negócio seria utilizado por Gabrielli para "honrar seus compromissos políticos".
Segundo o delator, ao ser informado da precária situação da refinaria de Pasadena, conhecida como "ruivinha" pelo avançado estado de corrosão, Cerveró "abriu um sorriso" e disse que a transação poderia deixar o então presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli "bastante satisfeito", porque permitiria que ele quitasse dívidas políticas.
"Se chegarmos a um acordo com ela (Astra), um revamp (revisão e ampliação) da refinaria deixará bastante satisfeito o presidente da Petrobras, pois sei que ele tem alguns compromissos políticos a saldar. Portanto, com Pasadena, mataremos dois coelhos com uma única cajadada: refinar o óleo de marlim nos Estados Unidos e o presidente Gabrielli poder honrar seus compromissos políticos", disse Nestor Cerveró, de acordo com o depoimento de Mônaco aos investigadores da Lava Jato.
A compra foi alvo de inúmeros questionamentos, inclusive do Tribunal de Contas da União (TCU), e resultou num prejuízo estimado de US$ 792 milhões à Petrobras. Uma comissão técnica, que visitou a refinaria em março de 2005, comunicou as péssimas condições do local a Cerveró. O então diretor, segundo Mônaco, respondeu: "Não se meta, isso é coisa da presidência (da Petrobras)".
No ano seguinte, a estatal acertou a compra de 50% da unidade por US$ 360 milhões. O negócio, segundo Mônaco, envolveu o pagamento de US$ 20 milhões em propina a funcionários da estatal, que foram alvo, ontem, de medidas de busca e apreensão.
Segundo o relato de Mônaco, Gabrielli já teria indicado a empreiteira Odebrecht para a realização da obra, junto com outras empreiteiras convidadas.
A reforma da unidade, porém, não havia sido negociada quando da compra de Pasadena. O então diretor da Astra Oil Alberto Feilhaber teria se queixado a Mônaco que a Petrobras tentava "empurrar goela abaixo" a contratação da empreiteira para a remodelação.
Esse e outros fatos levaram os dois sócios a um litígio judicial. A Petrobras acabou fechando um acordo e comprou os outros 50% da refinaria em 2012, por US$ 820 milhões. A remodelação da unidade, porém, nunca aconteceu.

Luiz Argôlo é condenado a 11 anos e 11 meses de prisão

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações na primeira instância da Operação Lava Jato, condenou, ontem, o ex-deputado Luiz Argôlo (ex-PP, atualmente afastado do SD-BA) a 11 anos e 11 meses de prisão pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro. Argôlo, preso desde abril de 2015, é acusado de ter recebido R$ 1,47 milhão em propinas do doleiro Alberto Youssef. Segundo o Ministério Público Federal, o dinheiro foi pago parceladamente, entre 2011 e 2014, "por entregas em espécie ou depósitos bancários". Moro assinalou na sentença que a denúncia mostra que "Alberto Youssef utilizou dinheiro sujo, decorrente do esquema criminoso da Petrobras, para pagar propina a Luiz Argôlo, caracterizando os atos tanto crimes de corrupção como de lavagem".
O juiz condenou o ex-deputado pela prática de corrupção passiva "pelo recebimento de parte da vantagem indevida destinada pelas empreiteiras fornecedoras da Petrobras à Diretoria de Abastecimento da estatal, em razão do cargo de deputado federal".
A sentença imputa ao ex-deputado seis operações de lavagem de dinheiro "consistente nos repasses e recebimentos, com ocultação e dissimulação, de recursos criminosos mediante utilização de contas de pessoas interpostas e depósitos bancários estruturados".
Moro considera imprescindível que Argôlo permaneça na prisão. O juiz federal expôs ainda seu temor de que o ex-deputado possa exercer mandato parlamentar. "A necessidade da prisão cautelar decorre ainda do fato de ter sido eleito como suplente de deputado federal. Em liberdade, pode, a depender das circunstâncias, assumir o mandato parlamentar, o que seria intolerável."