Justiça Federal autoriza quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-ministro Mantega

A Justiça Federal autorizou a quebra do sigilo bancário e fiscal do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega por conta de supostos vínculos com o empresário Victor Sandri, um dos donos do Grupo Comercial Cimento Penha investigado em um dos inquéritos da Operação Zelotes.

A medida foi autorizada pelo juiz da 10ª Vara Federal, Vallisney de Souza Oliveira, pois, embora a Polícia Federal e o Ministério Público Federal sustentem que não há indicativos de que Mantega tenha recebido qualquer tipo de vantagem material da empresa, entendem que é necessário aprofundar a investigação. Sandri e Mantega manteriam estreitos laços de amizade.

A empresa de Sandri teria sido beneficiada por decisões suspeitas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). A Polícia Federal e o Ministério Público Federal suspeitam que o Carf vendia decisões do conselho para beneficiar essa ou aquela empresa.

Segundo investigações da Zelotes, o grupo Cimento Penha conseguiu se livrar de uma dívida fiscal de R$ 106 milhões, a partir de tratativas intermediadas pela SGR Consultoria Empresarial, uma das empresas que estão no centro das suspeitas de manipulação das decisões do Carf. Ao todo, as dívidas da empresa com o Fisco somariam aproximadamente R$ 200 milhões.

Além disso, Sandri teria ajudado a negociar a eliminação de dívidas fiscais de outras empresas. No mesmo despacho em que autoriza o acesso às contas do ex-ministro da Fazenda, foi decretada a quebra de sigilo de mais 30 empresas citadas em um dos 19 inquéritos já abertos pela Polícia Federal para apurar fraudes no Carf.