Terceira Idade, ou o Brasil está ficando mais velho

Os que estão hoje na chamada Terceira Idade, ou Melhor Idade, por certo se lembram que, quando eram adolescentes, quem tinha em torno de 40 anos, para eles, "era um velho". Pois os tempos mudaram e, hoje, ter 60 anos não é idade provecta e, além disso, a maioria das pessoas está de bem com a vida, muitas ainda trabalhando no mesmo ou em outros empregos, e as doenças têm sido evitadas através de campanhas maciças de vacinação e visitas periódicas aos médicos.

Tanto é verdade que, no largo Glênio Peres, houve uma feira com ofertas de emprego para quem tem 60 anos ou mais, teoricamente idosos, mesmo que, hoje, 65 anos seria uma idade mais adequada para ser chamado de idoso. Mais de 18 mil pessoas se cadastraram para 2.400 vagas, muitas temporárias. É uma boa ideia, adotada nos Estados Unidos desde os anos de 1970, principalmente para operadores de caixa em lojas e supermercados de Miami, Orlando e outras cidades.

Os brasileiros não só estão vivendo mais - a expectativa de vida está em 74 anos no Estado - como estão se casando mais tarde. Mas a taxa de fecundidade está em 1,8 filho por mulher, quando a média mundial é de 2,1 filhos. Por isso, a constatação óbvia é a de que a população brasileira está envelhecendo. Isso acarreta um problema na Previdência Social, que tem que arcar com custos de aposentadorias e pensões por mais e mais anos do que acontecia há 30 ou 40 anos passados.

Acontece que, desde os anos de 1990, a meta da maioria das mulheres é ter uma carreira profissional, e depois, em torno dos 30 anos, aí sim, filhos. Então, a taxa de natalidade no Brasil terá estabilidade por cerca de duas décadas e, depois, começará a cair, ou seja, a população diminuirá. Isso já acontece em alguns países da Europa e nos quais até o governo, caso de Portugal, tem dado generosas quantias para que os casais tenham três filhos. Tendo apenas dois, haverá somente reposição.

Desde 2005, as taxas de fecundidade no Brasil têm sido inferiores ao nível ideal para a reposição da população. Ou seja, um casal deveria ter, teoricamente e para repor a população, pelo menos dois filhos. Isso apenas para manter o mesmo número de habitantes. Mas, no Rio Grande do Sul, temos uma fertilidade de pouco mais que um bebê por mulher.

Enfim, é uma boa ideia dar ocupação para quem está acima de 60 anos, geralmente aposentado, mas que deseja, além de um complemento salarial sobre as magras aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ter uma ocupação. Muitos idosos, viúvos, reclamam da solidão doméstica, eis que os filhos e netos têm lá as suas preocupações, estudos e profissões, com vidas independentes e, às vezes, ficam semanas sem contato direto com os pais e avós. O que salva é a tecnologia da internet, mas não dominada por muitos. Além disso, nada substitui um abraço, uma conversa ou um passeio em conjunto da família.

Saímos, rapidamente, da modernidade do século XX, que permaneceu durante 50 anos ou mais, com máquinas de datilografia, poucos automóveis, raros telefones fixos e câmeras fotográficas com filmes para revelar e copiar para o período analógico e, hoje, digital. Mal se aprende uma tecnologia e lá vem outra e mais outra. Então, aproveitar a experiência e o conhecimento da Melhor Idade, ou Terceira Idade, é uma boa ideia e que poderá dar resultados aos empregadores, desde que, claro, a função esteja de acordo com o limite natural imposto pela idade.