Durante sua primeira missa na catedral de Bangui, na República Centro Africana, o Papa Francisco fez um apelo a todas as facções do país para que entreguem suas armas e se "armem com justiça, amor, misericórdia e paz autêntica". O país vive uma onda de violência entre cristãos e muçulmanos após a queda do presidente cristão François Bozizé, em março de 2013. O conflito já levou mais de um milhão de pessoas a deixarem suas casas na cidade de Bangui.
No começo da missa, o Papa nomeou a cidade de Bangui "a capital espiritual do mundo", abrindo oficialmente o "Ano Sagrado da Misericórdia", de modo a dar ao país assolado por conflitos armados um impulso especial para a paz. A princípio, o anúncio oficial do ano sagrado deveria ocorrer no dia 18 de dezembro, na Basílica de São Pedro, em Roma. Entretanto, algumas semanas atrás o Papa anunciou que aproveitaria a visita a Bangui para dar início à celebração. "O Ano Sagrado da Misericórdia chega mais cedo a esta terra, que tem sofrido por tanto tempo com a guerra, o ódio, a incompreensão e a falta de paz", declarou o Francisco ao abrir as portas da catedral de Bangui.
Os Anos Sagrados são declarados a cada 25 a 50 anos ou mais. A cerimônia sempre começa com a abertura da porta sagra da Basílica de São Pedro e outras importantes basílicas em Roma e, normalmente, envolve a participação de fiéis em peregrinação. O último ano sagrado foi anunciado em 2000, para celebrar o terceiro milênio da Igreja Católica.
Ontem, Francisco visitou um campo de refugiados onde uma comunidade cristã procura se proteger da onda de violência. Hoje, o pontífice vai a uma mesquita que se tornou abrigo para muçulmanos que foram expulsos de suas casas.
A capital vive há tempos sob um toque de recolher, que começa às 20h. No enclave muçulmano na cidade, conhecido como PK5, o arcebispo de Bangui só consegue entrar escoltado por soldados armados da Organização das Nações Unidas (ONU). A entidade procurou convencer o Vaticano de que a situação estava sob controle antes da visita do Papa.
Havia receios de que o papa pudesse cancelar a visita à República Centro Africana, após os últimos episódios de violência na capital, que deixaram mais de 100 mortos desde o fim de setembro. Somente cerca de 15 mil muçulmanos continuam morando em Bangui, em meio a ataques que forçaram mais de 100 mil a deixar a cidade.
Conflito tomou força com derrubada de presidente cristão
O conflito na República Centro Africana ganhou força no início de 2013, quando uma coalizão de grupos rebeldes muçulmanos do Norte do país derrubou o presidente cristão François Bozizé. Com a saída do líder rebelde do poder, no começo do ano passado, uma onda de violência retaliatória liderada pelo grupo cristão Anti-Balaka expulsou a maior parte dos muçulmanos da capital.
O país se preparava para realizar eleições quando a morte de um jovem taxista muçulmano no fim de setembro reacendeu as tensões. Nas últimas semanas a milícia muçulmana Seleka liderou diversos ataques no bairro PK5 e cercanias.
No sábado, o papa esteve em Uganda, onde homenageou um grupo de cristãos, conhecido como os Mártires de Uganda. os integrantes foram mortos no fim do século XIX, após se recusarem a renunciar a sua fé. Ele exaltou os fiéis a seguirem o exemplo dos 45 mártires anglicanos e católicos.
O país se preparava para realizar eleições quando a morte de um jovem taxista muçulmano no fim de setembro reacendeu as tensões. Nas últimas semanas a milícia muçulmana Seleka liderou diversos ataques no bairro PK5 e cercanias.
No sábado, o papa esteve em Uganda, onde homenageou um grupo de cristãos, conhecido como os Mártires de Uganda. os integrantes foram mortos no fim do século XIX, após se recusarem a renunciar a sua fé. Ele exaltou os fiéis a seguirem o exemplo dos 45 mártires anglicanos e católicos.