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Argentina

- Publicada em 22 de Novembro de 2015 às 21:55

Macri vence e encerra era Kirchner

Prefeito portenho, Mauricio Macri assume a presidência em dezembro

Prefeito portenho, Mauricio Macri assume a presidência em dezembro


juan marcelo baiardi/cambiemos/afp/jc
O conservador Mauricio Macri, candidato de oposição ao governo Cristina Kirchner, foi eleito ontem presidente da Argentina com 1 milhão de votos de vantagem. Até o fechamento desta edição, com 88% das urnas apuradas, Macri tinha 52,3% contra 47,7% do governista Daniel Scioli. Horas antes, o peronista moderado já havia ido a público parabenizar o oponente e admitir a derrota no 2º turno.
O conservador Mauricio Macri, candidato de oposição ao governo Cristina Kirchner, foi eleito ontem presidente da Argentina com 1 milhão de votos de vantagem. Até o fechamento desta edição, com 88% das urnas apuradas, Macri tinha 52,3% contra 47,7% do governista Daniel Scioli. Horas antes, o peronista moderado já havia ido a público parabenizar o oponente e admitir a derrota no 2º turno.
Depois de um 1º turno em que as pesquisas davam vantagem entre oito e 10 pontos para Scioli, quando a diferença foi muito menor que a prevista por todos os institutos — 37% para a situação contra 34% da oposição —, a Cambiemos de Macri trabalhou para reverter o quadro em um 2º turno histórico — o primeiro desde a implementação do sistema, em 1994.
Logo que a votação foi encerrada, às 18h (19h em Brasília), e os primeiros resultados de boca de urna que davam vantagem de 10 pontos sobre Scioli divulgados, militantes de Macri começaram a celebrar. Os peronistas pediam cautela, mas já era tarde. A era Kirchner acabava depois de mais de 12 anos.
Macri, de 56 anos, é filho de um dos mais importantes empresários do país, Franco, beneficiado com concessões de obras na área da construção nos anos de 1980 e 1990, período em que se aproximou do peronismo.
O candidato tornou-se conhecido em 1991, aos 32 anos, quando foi alvo de um sequestro que durou 14 dias. Um grupo de ex-policiais federais o manteve no sótão de uma casa na zona norte da capital argentina. Ao ser capturado, foi agredido e transportado em um caixão. Foi libertado depois de a família pagar US$ 6 milhões.
Quatro anos depois, tornou-se presidente do Boca Juniors, clube com mais torcedores do país, ao comando do qual esteve até 2007.
Em 2005, fundou o Proposta Republicana, partido de viés liberal cujo objetivo era romper a polarização entre o peronismo e a União Cívica Radical (UCR). Quando manifestou sua vontade de chegar à presidência da Argentina, ganhou um oponente de peso: o próprio pai, Franco Macri. “Ele tem cabeça para ser presidente, mas não coração”, afirmou o empresário, que este ano se reaproximou do filho indo a um de seus últimos comícios.
Macri começou a governar Buenos Aires em 2007 e foi reeleito em 2011 — ano em que desistiu de concorrer contra Cristina Kirchner, aconselhado por marqueteiros que viram a presidente mais forte após a morte de Néstor, em 2010.

Cristina fez apelo para que argentinos fizessem esforço de memória

Cristina enalteceu suas políticas

Cristina enalteceu suas políticas


WALTER DIAZ/AFP/JC
O pleito realizado ontem na Argentina pôs fim a um ciclo de 12 anos do kirchnerismo. A presidente Cristina Kirchner, que assumiu o cargo depois do seu falecido marido, Néstor Kirchner, é reverenciada pelos pobres por seus generosos programas de bem-estar, bem como é criticada pelos controles impostos pelo casal sobre a economia.

Impedida de buscar um terceiro mandato consecutivo, a presidente passa o cargo em dezembro para Mauricio Macri com a Argentina profundamente dividida entre aqueles que querem que o governo continue com papel importante em suas vidas e os que apoiam as políticas de livre mercado da oposição.

Apesar de não gostar de dar entrevista, Cristina conversou com a imprensa ontem por cerca de meia hora, após votar em Rio Gallegos, capital da província de Santa Cruz, e assegurou que “seria muito doloroso que os argentinos não fizessem um esforço de memória, seria doloroso recuar nas conquistas que fizemos”. “Ter memória é se lembrar dos 6 milhões de postos de trabalho, das 19 universidades públicas, do programa que ajuda os jovens. Que cada argentino tome sua decisão... não existe país que possa ter futuro se não sabe o que aconteceu antes. Façam esse exercício, com uma mão no coração: como estavam em 2003?”, perguntou Cristina.

Apesar das tentativas de lembrar o povo, Cristina não teve sucesso em alavancar seu candidato. Procurou, inclusive, se afastar de Daniel Scioli no últimos dias de campanha. Não deu certo. Macri conseguiu virar e surpreender.

Em um sinal de cansaço dos argentinos diante da economia estagnada e inflação alta, Scioli perdeu sua condição de favorito após a votação de 25 de outubro, no 1º turno. Macri, prefeito de Buenos Aires duas vezes e descendente de uma família rica, tinha vantagem nas pesquisas para o 2º turno. Mas, com um em cada 10 eleitores indecisos, Scioli não pôde ser desconsiderado.

Certo é que o próximo presidente da Argentina deverá encontrar um Congresso mais equilibrado do que aquele com que Cristina conviveu em seus oito anos. Nenhum partido terá maioria na Câmara, e o peronismo controlará o Senado, o que pode complicar a vida de Macri. Será fundamental negociar alianças e acordos também com os governadores, que controlam suas bancadas parlamentares.