Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Terrorismo

- Publicada em 17 de Novembro de 2015 às 17:38

França e Rússia se unem contra o EI

A partir de bases nos Emirados Árabes e Jordânia, franceses lançaram 16 bombas na Síria

A partir de bases nos Emirados Árabes e Jordânia, franceses lançaram 16 bombas na Síria


KARIM SAHIB/AFP/JC
A França voltou a bombardear ontem a cidade de Raqqa, no Centro-Norte da Síria, considerada a "capital" do Estado Islâmico (EI), pouco depois de a Rússia fazer o mesmo mais cedo. As ações russas ocorreram poucas horas depois de o governo confirmar que o avião da Metrojet, que caiu no dia 31 de outubro, foi derrubado por uma bomba.
A França voltou a bombardear ontem a cidade de Raqqa, no Centro-Norte da Síria, considerada a "capital" do Estado Islâmico (EI), pouco depois de a Rússia fazer o mesmo mais cedo. As ações russas ocorreram poucas horas depois de o governo confirmar que o avião da Metrojet, que caiu no dia 31 de outubro, foi derrubado por uma bomba.
A admissão do Kremlin de um ataque terrorista veio apenas quatro dias após os atentados em Paris, que deixaram ao menos 129 mortos. "Nós podemos dizer, definitivamente, que foi um ataque terrorista", afirmou Alexander Bortnikov, chefe do Serviço Federal de Segurança da Rússia, em uma reunião com o presidente Vladimir Putin.
Segundo Bortnikov, há provas de que o avião foi derrubado por uma bomba caseira, que deixou vestígios de explosivos em destroços da aeronave e nas bagagens dos passageiros. Na reunião, Putin disse que vai "encontrar e punir os infratores" onde quer que estejam, e que a campanha aérea de Moscou na Síria "não deve apenas continuar, mas deve ser intensificada".
Já a ofensiva francesa, lançada às 22h30min de segunda-feira (horário de Brasília), contou com a participação de dez caças - Rafale e Mirage 2000 - que saíram de bases nos Emirados Árabes e Jordânia, missão similar à ocorrida no domingo. "O ataque, realizado em coordenação com as forças norte-americanas, foi lançado contra locais identificados durante missões de reconhecimento realizadas anteriormente pela França", indicou o ministério da Defesa francês.
A ação que derrubou a aeronave, que ia da cidade egípcia de Sharm el-Sheikh para São Petersburgo, matando 224 pessoas, foi reivindicada pelo EI poucas horas após a queda. No entanto, especialistas achavam pouco improvável.
Hoje, o presidente da França, François Hollande, deve apresentar uma proposta para estender por três meses o estado de emergência, em vigor no país desde os ataques em Paris. Desde o período entre 1954 e 1962, durante a Guerra da Argélia, as autoridades não decretavam estado de emergência em todo o país. "A França está em guerra. Mas não estamos em uma guerra entre civilizações, porque esses assassinos não representam nenhuma. Estamos em guerra contra o terrorismo jihadista, que ameaça o mundo inteiro", disse Hollande em discurso a parlamentares na segunda-feira.
Nos próximos dias, o líder francês deve se encontrar com os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, e Rússia, Vladimir Putin, para "unir forças" e propor a formação de uma grande coalizão internacional para combater o EI. Atualmente, EUA e Rússia realizam bombardeios contra o EI na Síria de forma independente.
Desacordos entre as duas potências militares com relação ao lugar do presidente Bashar al-Assad no futuro da Síria representam o principal entrave nas negociações internacionais para pôr fim à guerra civil no país árabe. O conflito abriu espaço para que o Estado Islâmico aumentasse sua influência na região.

Alemanha prende sete por ligação com ações em Paris

A polícia alemã prendeu ontem sete pessoas, depois de receber uma pista. De acordo com o porta-voz Werner Schneider, três foram detidos por uma equipe da Swat em Alsdorf, perto da fronteira da Bélgica. As identidades não foram reveladas, mas a polícia informou que são estrangeiros. Há indicações de que os ataques de Paris foram parcialmente organizados na Bélgica, e operações foram realizadas em Bruxelas desde sábado.

Vítimas tratam sequelas 'físicas e psicológicas'

Três dias após os atentados que deixaram ao menos 129 mortos e 350 feridos, a movimentação nos hospitais de Paris já diminuiu. Porém, alguns locais viraram uma espécie de ponto de peregrinação em homenagem às vítimas. As calçadas foram tomadas por flores, velas, e mensagens de apoio. É o que ocorre no Hospital Saint-Louis, em que a entrada de doadores de sangue divide espaço com franceses e turistas que prestam homenagens silenciosas em frente a dois restaurantes onde 15 pessoas morreram.
Os prontos socorros já voltaram a atender pacientes com enfermidades de rotina, parte das vítimas que tiveram ferimentos menos graves receberam alta. Mas o horror daquela noite ainda está longe de acabar. A tarefa dos médicos agora é tratar das sequelas dos pacientes mais graves e explicar a eles que os traumas permanecerão. "Será preciso fazer uma gestão muito específica desses pacientes. As sequelas não são só físicas, são também psicológicas. O estresse que eles vivenciaram é de um nível inimaginável", destacou Jacques Duranteau, anestesista do hospital Kremlin-Bicêtre.
Muitos terão de enfrentar um longo tratamento, como ocorreu com o jornalista Philippe Lançon, sobrevivente do atentado ao Charlie Hebdo em janeiro. Ele já passou por 13 cirurgias.
Alguns perderam membros, e a maioria foi ferida por balas de grande calibre das armas usadas pelo terroristas. "Foram cenas de guerra", disse Philippe Juvin, chefe de emergência do hospital Georges Pompidou, que já atuou em zonas de conflito como o Afeganistão.

Governo francês pede ajuda militar à UE e recebe apoio unânime

A França fez ontem uma solicitação formal por ajuda militar de seus parceiros da União Europeia (UE) após os ataques em Paris, recorrendo pela primeira vez ao artigo de assistência mútua do tratado do bloco. Segundo o ministro de Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, os parceiros podem participar das operações na Síria e no Iraque ou fornecendo suporte em outras ações do país. Um pouco depois, a UE expressou apoio "unânime" ao pedido, indicou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.
Os ministros da Defesa do bloco estão reunidos em Bruxelas e discutem a situação do terrorismo após os atentados de sexta-feira à noite. Foi a primeira vez que o artigo foi ativado, mas detalhes do pedido da França ainda não foram esclarecidos. O Tratado de Lisboa determina que, no caso de agressão armada a qualquer país do bloco, os outros países têm obrigação de ajudar com todos os meios em seu poder.