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Terrorismo

- Publicada em 16 de Novembro de 2015 às 22:27

'A França está em guerra'

Presidente propôs mudanças constitucionais para apertar o cerco

Presidente propôs mudanças constitucionais para apertar o cerco


MICHEL EULER/AFP/JC
O presidente da França, François Hollande, disse ontem, diante de uma sessão conjunta no Parlamento, que o país vai intensificar as operações na Síria, e chamou os jihadistas do Estado Islâmico (EI) de "covardes" e de "assassinos". O chefe de Estado pediu uma resolução do Conselho de Segurança da ONU contra o terrorismo o mais rápido possível e solicitou uma reforma constitucional para combater as ameaças jihadistas, três dias depois de Paris ser alvo de uma série de ataques que deixou ao menos 129 mortos.
O presidente da França, François Hollande, disse ontem, diante de uma sessão conjunta no Parlamento, que o país vai intensificar as operações na Síria, e chamou os jihadistas do Estado Islâmico (EI) de "covardes" e de "assassinos". O chefe de Estado pediu uma resolução do Conselho de Segurança da ONU contra o terrorismo o mais rápido possível e solicitou uma reforma constitucional para combater as ameaças jihadistas, três dias depois de Paris ser alvo de uma série de ataques que deixou ao menos 129 mortos.
O discurso no Congresso é uma medida rara para um presidente da França. Após um minuto de silêncio, Hollande declarou que "a França está em guerra" contra o terrorismo. "Nós precisamos fazer mais. A Síria se tornou a maior fábrica de terroristas que o mundo já conheceu", disse ele. "Nossa democracia já triunfou antes sobre adversários muito mais formidáveis do que esses covardes."
O líder disse ainda que pretende prorrogar por três meses o estado de emergência, ressaltando que quer medidas mais eficazes de controle das fronteiras internas e externas da União Europeia (UE). "Se a Europa não controlar suas fronteiras externas, então voltamos para as fronteiras nacionais. Isso é um desmantelamento da UE."
Hollande fez questão de exaltar a história do país, reconhecido como o berço dos direitos humanos modernos. "Nenhum bárbaro vai nos impedir de viver como decidimos viver. Terrorismo não vai destruir a República, porque a República vai destruir o terrorismo."
No domingo, o Ministério da Defesa francês informou que o país iniciou seus contra-ataques. Ao menos dez bombardeios foram realizados à capital do autoproclamado califado do grupo jihadista, Raqqa, atingindo um centro de controle e comando, um campo de recrutamento, um depósito de munição, um estádio, uma prisão secreta e um campo de treinamento. Ao todo, foram 20 bombas utilizadas. Não há informações sobre feridos ou mortos na ofensiva.
Hollande irá se encontrar nos próximos dias com os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Barack Obama e Vladimir Putin. Segundo o francês, o encontro servirá para planejar uma estratégia contra o EI. Entre as mudanças na Constituição para combater o terrorismo de maneira mais efetiva, o presidente indicou o banimento de cidadãos franceses que retornam ao país, caso representem um risco.
Segundo o líder francês, os gastos em segurança "são mais importantes que o respeito ao pacto pela estabilidade fiscal" da UE, neste momento. Hollande admitiu que o aumento nas forças de segurança terá um custo para o orçamento e apontou que não haverá cortes em defesa até 2019. A França, informou ele, irá criar mais 5 mil empregos em sua força policial, com foco na polícia de fronteira e nas forças de combate ao terrorismo.

Ataques são revés terrível na luta contra EI, diz Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, admitiu ontem que os ataques terroristas em Paris foram um "revés terrível e repugnante" na luta contra o Estado Islâmico (EI), mas rechaçou as críticas segundo as quais os EUA deveriam mudar ou expandir sua campanha militar contra os extremistas. "A estratégia que estamos levando adiante é a que ao fim funcionará", afirmou Obama durante entrevista à imprensa, no encerramento do G-20, na Turquia.
Obama mostrou-se irritado em meio a repetidas perguntas sobre se teria subestimado a força do EI. Segundo ele, a maioria dos críticos estão simplesmente "falando como se fossem durões", sem oferecer ideias reais. Além disso, Obama também rechaçou as sugestões de alguns para enviar tropas em solo, dizendo que isso "seria um erro" e que não funcionaria a menos que os EUA estivessem comprometidos a ser uma força de ocupação permanente. "Quando você envia tropas, essas tropas se ferem. Elas morrem."
Na ocasião, Obama anunciou um novo esforço para compartilhar informações de inteligência com a França. Segundo o presidente norte-americano, os EUA sabiam do desejo do EI de atacar fora do Oriente Médio, mas ele não havia recebido informação indicando que um ataque em Paris era provável.

Mentor de ações em Paris seria um belga de 27 anos

Um cidadão belga que está atualmente na Síria é suspeito de ser o mentor dos ataques em Paris, de acordo com uma fonte próxima à investigação francesa. "Abdelhamid Abaaoud aparenta ser o cérebro por trás de diversos ataques planejados na Europa", disse a fonte à agência Reuters.
De acordo com a rádio RTL, Abaaoud tem 27 anos e nasceu em Molenbeek, subúrbio de Bruxelas, lar de outros membros de uma célula de militantes islâmicos que supostamente realizou o ataque. De acordo com a fonte francesa, o suspeito também teria vínculos com ataques frustrados a um trem de alta velocidade e a uma igreja na área da capital francesa.

Após atentados, milícia ameaça EUA outros países europeus

O EI divulgou ontem um vídeo em que ameaça fazer ataques contra países que bombardeiam o Oriente Médio, assim como fez com a França, alvo de atentados terroristas na semana passada. Na mensagem, a facção ameaça atacar os EUA e países europeus envolvidos na "campanha dos cruzados" no Oriente Médio.
"Eu digo aos países europeus que nós estamos chegando, chegando com armadilhas e bombas, chegando com cintos explosivos e silenciadores, e vocês serão incapazes de nos parar, porque nós estamos mais fortes que antes", diz, em vídeo, um homem identificado como "Al-Ghareeb, o argelino".
Referindo-se às negociações internacionais sobre a guerra civil na Síria, outro militante, identificado no vídeo como "Al-Karrar, o iraquiano", diz que os radicais "escolheram negociar" com o presidente francês, François Hollande, "nas trincheiras, não em hotéis".