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Meio Ambiente

- Publicada em 18 de Novembro de 2015 às 21:47

'Nas crises, precisamos forçar a indústria a mudar', diz Pauli

Belga crê no reaproveitamento para a criação de novos produtos

Belga crê no reaproveitamento para a criação de novos produtos


FREDY VIEIRA/JC
A escassez de recursos naturais e os problemas climáticos são uma realidade mundial e as propostas para a sua superação visam às medidas de longo prazo a partir de pactos internacionais e grandes investimentos em tecnologias que supostamente poupam mais o meio ambiente. Para o economista belga Gunter Pauli, que esteve ontem na Capital, a proposta para a superação do problema é a criação de um novo modelo econômico, que ele chama de Economia Azul. O modelo foca na cidade e prevê medidas mais baratas de serem realizadas em um curto espaço de tempo. O que precisa ser feito é mudar a mentalidade sobre sustentabilidade e desenvolvimento. Segundo Pauli, o único ser vivo na Terra que produz lixo é o humano, mas ainda não aprendeu a reaproveitá-lo. O economista foi um dos palestrantes do 7º Fórum dos Grandes Debates, intitulado Meio Ambiente e Sustentabilidade para Todos, realizado ontem na Assembleia Legislativa gaúcha.
A escassez de recursos naturais e os problemas climáticos são uma realidade mundial e as propostas para a sua superação visam às medidas de longo prazo a partir de pactos internacionais e grandes investimentos em tecnologias que supostamente poupam mais o meio ambiente. Para o economista belga Gunter Pauli, que esteve ontem na Capital, a proposta para a superação do problema é a criação de um novo modelo econômico, que ele chama de Economia Azul. O modelo foca na cidade e prevê medidas mais baratas de serem realizadas em um curto espaço de tempo. O que precisa ser feito é mudar a mentalidade sobre sustentabilidade e desenvolvimento. Segundo Pauli, o único ser vivo na Terra que produz lixo é o humano, mas ainda não aprendeu a reaproveitá-lo. O economista foi um dos palestrantes do 7º Fórum dos Grandes Debates, intitulado Meio Ambiente e Sustentabilidade para Todos, realizado ontem na Assembleia Legislativa gaúcha.
Questionado sobre como a proposta poderia ser aplicada em relação ao município de Mariana, em Minas Gerais, afetado pelo rompimento de duas barragens, Pauli destaca que esse derramamento de lama pode se repetir no Brasil e, quando existe uma grande quantidade de empresas no setor e ele apresenta riscos, é preciso mudá-lo. "Para que isso não aconteça, precisamos mudar o conceito da licença do negócio. Essa empresa tem uma licença para fazer apenas uma atividade, que é legal. A nossa experiência com minas no mundo é positiva. Hoje, na China, se alguém quer montar uma nova mina, toda a lama da extração precisa ser convertida em produtos", explica.
O papel pedra, que não precisa de celulose, é um exemplo de produto que pode ser gerado. O papel ainda teria a vantagem de poder ser reciclado para sempre. "Nas crises, precisamos forçar a indústria a mudar o seu foco. O negócio de hoje é a mina, mas, se só pensa nisso, não se consegue imaginar que podem ter outros materiais produzidos a partir dela. O conceito de Economia Azul pretende isso, utilizar o que tem disponível localmente, convertendo em produtos com valor agregado", diz.
O problema central para que isso se torne uma prática comum é que a indústria tem a concepção de focar em apenas um negócio. Essa mentalidade, de acordo com o economista, faz com que se gere menos lucro e empregos. Para cada 100 mil toneladas de pedra triturada da mina, são gerados mil empregos. Na transformação desse papel em produtos finais, se pode gerar mais 4 mil vagas. "O Brasil precisa de uma economia nova, com novo impulso. Não se pode fazer com um sistema do passado. Pensamos na ideia de ecossistema, de que toda a matéria pode ser reaproveitada", argumenta.
Outro projeto desenvolvido no conceito de Economia Azul é a produção de fraldas com matéria natural. Os que recebem as novas entregam as usadas ao produtor, as quais são transformadas em terra preta, com 35% de carvão. "Um bebê, por ano, produz uma tonelada de terra preta, onde podem ser plantadas mil árvores frutíferas. Vamos fazer isso ou mandar todas as fraldas para aterros sanitários?", questiona.
Pauli destaca que os governantes são ignorantes nesse assunto e, se não conhecem, não apostam na ideia. As empresas, para ele, também são prisioneiras do seu próprio modelo de negócio e do passado. "Se você tem um produto, tem que assumir responsabilidades infinitas sobre ele. A ideia é produzir produtos de maneira mais responsável", destaca.

Promotor diz que apenas medidas punitivas não adiantam

As medidas punitivas não devem ser o único foco da legislação ambiental, segundo o promotor de Justiça do Ministério Público, Daniel Martini. Para ele, é preciso que se criem instrumentos que incentivem a redução de poluentes pela indústria. "Quando queremos que uma criança faça uma tarefa difícil da escola, como uma tradução, temos três medidas a serem tomadas: castigo, ajuda ou prêmio. O castigo será a ameaça caso ela não faça o que foi pedido. A ajuda é uma forma de minimizar a tarefa. O prêmio é o presente caso isso seja feito. A mesma lógica deve ser aplicada às empresas, que precisam ganhar motivação para cumprirem a lei e irem além do que ela estipula, com ganho econômico", explica.
Entre as medidas destacadas, estão a redução tributária, caso a emissão de poluentes seja diminuída; incentivos para a troca da matriz energética; e outros subsídios. Existem recursos naturais que não são renováveis, tendo fim. Assim, segundo Martini, é necessária uma mudança na perspectiva legislativa que não foque apenas na punição após o dano. "As leis de controle são necessárias, mas precisam ser acompanhadas de outras medidas que façam com que os empresários busquem as melhores formas para atender aos objetivos da legislação ambiental de forma menos onerosa. Não são só os maus comportamentos que precisam estar previstos na norma, mas os bons também", ressalta.