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- Publicada em 12 de Novembro de 2015 às 22:47

Porto Alegre mapeará territórios de povos negros

Cidade pode se tornar coirmã de um município africano

Cidade pode se tornar coirmã de um município africano


JONATHAN HECKLER/JC
Isabella Sander
Porto Alegre será a primeira capital no Brasil a mapear os territórios historicamente ocupados por povos tradicionais e de matriz africana. O início das discussões acerca da questão ocorreu na quinta-feira, no seminário "Povos tradicionais e comunidades tradicionais, territórios e territorialidade", organizado pela Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre. O trabalho será realizado em uma parceria da Casa com professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e entidades representativas do movimento negro.
Porto Alegre será a primeira capital no Brasil a mapear os territórios historicamente ocupados por povos tradicionais e de matriz africana. O início das discussões acerca da questão ocorreu na quinta-feira, no seminário "Povos tradicionais e comunidades tradicionais, territórios e territorialidade", organizado pela Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação (Cuthab) da Câmara Municipal de Porto Alegre. O trabalho será realizado em uma parceria da Casa com professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e entidades representativas do movimento negro.
Segundo o professor da Ufrgs Tata Edson, outras reuniões com os vereadores integrantes da Cuthab levaram à proposta de focar os trabalhos na discussão sobre o papel do conceito territorial no processo de invisibilização dos povos de matriz africana. "Pensamos nesse processo a partir dos povos existentes em Porto Alegre, que são os bantos, os jejes e os iorubás, que, de certa forma, estão representados pelas nações Jeje, Oyó, Cabinda, Nagô e Ijexá. É nessa expectativa que tentamos criar essa corresponsabilidade, no sentido de avaliar o que o holocausto da escravidão nos deixou e levando em consideração a invisibilização dos povos de matriz africana devido a um olhar mais voltado para a religiosidade", observa.
O mapeamento a ser feito dará a possibilidade de criar espaços culturais e sociais em territórios historicamente ocupados por povos de matriz africana, como o largo Zumbi dos Palmares, o Parque da Redenção e o parque Saint'Hilaire. "Na Redenção, por exemplo, uma série de atores foi desterritorializada para que se construísse aquele espaço, gerando uma invisibilização. Ao mesmo tempo, o Mercado Público não só foi construído com mão de obra escrava como, até hoje, mais de 80% do que é comercializado lá tem a ver com os nossos povos", destaca Edson.
Também professora da Ufrgs, a geógrafa Claudia Luisa Zeferino Pires desenvolveu um trabalho relacionado com o ensino da história africana e com o reconhecimento do território do Quilombo dos Alpes, localizado entre os bairros Cascata e Teresópolis, na Capital. "A partir dessas experiências, viemos trazendo a discussão do território e da territorialidade, a partir de valores afro-civilizatórios. Queremos identificar a presença de marcas territoriais e trazer a questão da identidade, da corporeidade, e de valores com a musicalidade, a memória e a ancestralidade, presentes nesses espaços que, ao longo do tempo, foram invisibilizados por outras culturas e uma ideologia mais hegemônica", aponta. A intenção é trazer para a centralidade esses marcadores, muitas vezes imateriais, através da cartografia.
Para Tata Edson, Porto Alegre ainda não consegue olhar de forma mais justa para os lugares com histórico ligado aos povos de matriz africana. "Esses espaços físicos e territoriais têm a ver com o desenvolvimento econômico e social da região e dos nossos próprios povos. O primeiro passo é entender que estudar o território é essencial para que façamos um diálogo mais sustentável dentro da nossa sociedade", explica.
O presidente da Cuthab, vereador Engenheiro Comassetto (PT), revela o desejo, por parte da comissão, de tornar Porto Alegre uma cidade coirmã de municípios africanos de onde vieram as nações negras que vivem na Capital. "Essa troca cultural seria muito interessante. Sabemos que, se isso de fato acontecer, seremos a primeira cidade gaúcha a ser coirmã de uma cidade da África."
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