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Comércio Exterior

- Publicada em 29 de Novembro de 2015 às 21:27

Calçadistas esperam pela retomada

Até outubro, embarques para o mercado da Argentina cairam 12%

Até outubro, embarques para o mercado da Argentina cairam 12%


JOÃO MATTOS/JC
A indústria calçadista brasileira vai terminar o ano com queda nas exportações, mas com a perspectiva de verificar uma recuperação dos embarques a partir de janeiro, motivada pelos efeitos da desvalorização do real. A expectativa positiva para 2016, porém, não se estende ao comércio com a Argentina. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, levará pelo menos dois anos para que a atitude do presidente eleito argentino, Mauricio Macri - mais inclinado ao liberalismo econômico -, beneficie os exportadores.
A indústria calçadista brasileira vai terminar o ano com queda nas exportações, mas com a perspectiva de verificar uma recuperação dos embarques a partir de janeiro, motivada pelos efeitos da desvalorização do real. A expectativa positiva para 2016, porém, não se estende ao comércio com a Argentina. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, levará pelo menos dois anos para que a atitude do presidente eleito argentino, Mauricio Macri - mais inclinado ao liberalismo econômico -, beneficie os exportadores.
"Em um primeiro momento, a situação não deve melhorar, talvez fique até mais difícil do que está hoje, porque certamente o novo governo vai aplicar medidas fortes de ajuste fiscal, inclusive assumindo uma desvalorização do peso argentino com relação ao dólar. Isso vai fazer com que as exportações (de produtos para a Argentina) fiquem mais caras e, portanto, diminuam de volume", explicou. Já no médio e no longo prazo, a percepção é de que haverá um ambiente de negócios favorável. "Por ideologia política e econômica, Macri representa um governo mais liberal, portanto não afeito a práticas que têm imposto barreiras muito fortes ao comércio entre os dois países."
O setor calçadista é um dos mais interessados na melhoria da relação com o país vizinho. A Argentina é, historicamente, o segundo maior destino das exportações brasileiras de calçados - fica atrás somente dos Estados Unidos. Só que, nos últimos anos, o Brasil perdeu um espaço valioso no mercado argentino.
Segundo Klein, até o início desta década o Brasil fornecia 70% dos calçados importados pela Argentina. Os outros 30% do mercado eram abocanhados por China e Vietnã. De lá para cá, esta proporção se inverteu. Hoje, ele diz, 70% dos calçados importados pelos argentinos saem da Ásia e 30% do Brasil. Os empresários daqui reclamam que o problema não está apenas nos baixos custos de produção dos chineses ou na trajetória de valorização do real no passado recente - que tornou a mercadoria brasileira mais cara. Eles alegam que o nível de exigência é maior quando se trata do produto brasileiro, alvo das chamadas "barreiras técnicas" adotadas no governo de Cristina Kirchner.
De acordo com o Klein, só neste ano as exportações de calçados do Brasil para a Argentina caíram 20%. No acumulado de janeiro a outubro, os embarques somaram US$ 60 milhões, ante US$ 74 milhões no mesmo período do ano passado. As exportações globais do setor recuaram 12% na mesma base de comparação - US$ 766 milhões em 2015 contra US$ 874 milhões de 2014.
"Estamos caindo em todos os mercados, com exceção de exemplos pontuais como a Bolívia e os Emirados Árabes, que aumentaram as compras", disse. Ele afirmou que a diminuição nas vendas ao exterior, praticamente linear, deve-se à valorização da moeda brasileira nos últimos anos. "Esse fenômeno da desvalorização do real é recente, a negociação internacional toma tempo para produzir algum impacto. Isso poderá ocorrer em janeiro de 2016, quando começam os embarques que correspondem à temporada primavera-verão, cuja negociação ocorreu nos meses de julho e agosto de 2015."
No caso da Argentina, será necessário ter paciência. "Lá para frente, daqui a dois ou três anos, poderemos ter uma retomada no crescimento desse comércio", resumiu Klein. Ele defende que, hoje, prever algo além disso seria pura especulação.

No País, nova política a ser adotada por Mauricio Macri traz esperança aos exportadores

Brasil e país vizinho devem renovar acordo automotivo em 2016

Brasil e país vizinho devem renovar acordo automotivo em 2016


ANDREW YATES/AFP/JC
A sinalização do presidente eleito Mauricio Macri de mudança na rota da política econômica da Argentina soou como um sinal de esperança para os empresários brasileiros. Com o novo governo e os sinais mais liberais de Macri na economia, os exportadores brasileiros veem uma chance de reconquistar terreno no país vizinho.
Nos últimos anos, os exportadores sofreram com a forte crise econômica na Argentina e a série de medidas protecionistas adotadas pelo governo de Cristina Kirchner. A Argentina é o terceiro país que mais compra do Brasil, sobretudo produtos manufaturados. Entre janeiro e outubro, o comércio com o país vizinho representou 6,8% do total exportado. Em 2010, no auge, a fatia argentina chegou a 9,2%. "Estamos bastante otimistas com o novo governo em função de todos os sinais que ele tem enviado. O principal deles é que considera fundamental a integração produtiva entre o Brasil e a Argentina", diz Luiz Moan, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No primeiro semestre de 2016, Brasil e Argentina vão ter de renegociar o acordo automotivo.
No curto prazo, os empresários entendem que o ajuste econômico a ser feito por Macri pode ser recessivo e até reduzir a demanda por produtos manufaturados, mas a expectativa é que as medidas surtam efeito e o crescimento volte no médio prazo. "O novo presidente dá sinais de que pretende estabelecer critérios de comércio mais fluído", diz Heitor Klein, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). No auge, os empresários brasileiros embarcavam 15 milhões de pares para a Argentina. Em 2015, serão 7,5 milhões.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Rafael Cervone, a mudança de comando na Argentina deve alterar não só "a política comercial da Argentina, mas também do Mercosul". Macri já defendeu que o Mercosul avance no acordo com a União Europeia. Segundo a Abit, o setor tem 100 Declarações Juradas Antecipadas de Importação (Djais) paradas, o que trava a entrada de produtos brasileiros. Hoje, a participação do produto brasileiro de têxtil e confecção na Argentina é de 18%. Em 2005, era 42%.