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Economia

- Publicada em 24 de Novembro de 2015 às 22:18

Opinião econômica: Oxigenação

Delfim Netto é economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura

Delfim Netto é economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura


Folhapress/Arquivo/JC
A última semana parece ter revelado uma ligeira oxigenação do governo, particularmente da presidente.
A última semana parece ter revelado uma ligeira oxigenação do governo, particularmente da presidente.
Com imenso atraso, ela sinalizou que agora dá muito peso à opinião do ministro Levy, e este, com não menos atraso, que sua preocupação é o crescimento. Em resposta ao incontornável "disse-que-me-disse", que pragueja todo Palácio e usa o "off" para disseminá-lo e dar alegria ao "mercado financeiro perfeito", Dilma foi enxuta: "Levy fica!".
Outro sinal interessante veio da longa entrevista que Lula concedeu à GloboNews. Negou que esteja ligado à campanha "Fora, Levy", promovida por notáveis aloprados do PT. No final do dia, a bolsa subiu, a curva de juros melhorou e o real se valorizou...
O resultado confirma que o mercado responde mais ao que não sabe do que aos fatos.
Talvez sejam resultados da crença que a reforma ministerial recente organizou a "base" política do governo, constituída por 10 partidos, com 324 deputados, número suficiente para aprovar qualquer reforma constitucional na Câmara, o que está longe da verdade. Não há relação de "causa" e "efeito", mas é cada vez mais evidente que uma esperta facção do PMDB - aproveitando-se de circunstâncias especiais - aplicou um 171 na presidente: vendeu-lhe o que não tem para entregar, como se verificou na aceitação dos corretos vetos a dois projetos teratológicos, um dos quais nem sequer foi aprovado no plenário da Câmara.
A aceitação dos vetos aos aumentos do Judiciário e à valorização do salário-mínimo dos aposentados deveria nos dar mais preocupação do que tranquilidade. Por quê? Porque dos 324 deputados supostamente da base, menos de 30% (nas duas votações) apoiaram o governo! Para a rejeição dos vetos na Câmara, são necessários 256 votos (80% da "base"), mas eles não passaram de 132 (42% da "base" no Judiciário) e 160 (49% da "base" nos aposentados).
No voto do Judiciário, foi por um triz: a "oposição" ao governo (a "traição" da base mais a "oposição") obteve 251. Com mais 6 votos a tragédia estaria feita: o veto teria sido rejeitado! Os vetos só foram rejeitados porque deixaram de votar (faltaram ou obstruíram), no caso do Judiciário, 129 deputados, e. no caso dos aposentados, 141. Um sinal lamentável.
O governo avançou com a fuga da sua base! Na "soi-disant" elite iluminada, surpreendeu o comportamento do PSDB: quatro quintos dos seus deputados votaram, irresponsavelmente, convictos, "no quanto pior, melhor"...
Dilma só pode ressuscitar o seu protagonismo com inteligente e competente reorganização política que dê solidez à sua "base" e a permita encaminhar as reformas constitucionais de que o Brasil carece para voltar a ser "normal"...
Economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura
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