Uma informação repassada recentemente à Secretaria Estadual da Saúde ajudou a evitar desperdício de vacinas infantis das campanhas obrigatórias. Localidades estavam recebendo mais doses do que o número de crianças. Bastou a Fundação de Economia e Estatística (FEE) acessar bancos de dados de população e subsidiar os programas na área. De solução um pouco mais complexa, o pagamento da dívida pública estadual, um passivo de R$ 50 bilhões, mobiliza um grupo de experts da FEE para diagnosticar os meandros do débito e provocar o debate sobre saídas.
"Somente a inflação do IGP-DI em 12 meses vai acrescentar mais R$ 5 bilhões no estoque e falta ainda computar os juros de 6% ao ano", citou o presidente da FEE, o economista Igor Morais. Para o dirigente, eventual mudança no atual contrato de renegociação, firmado na década de 1990, deve envolver não só o governo gaúcho, mas outras unidades da federação. A dívida ativa (devedores do Estado), outro buraco negro de R$ 37 bilhões, também entrou no radar da fundação. Como também a previdência estadual, o impacto das alterações da demografia para demandas em educação e saúde, além de novos estudos sobre o tamanho do chamado PIB do agronegócio.
"Queremos contribuir mais com a sociedade para avaliar as políticas públicas. Informação é decisiva para essa discussão", reforçou Morais. Hoje, por exemplo, os dirigentes da FEE terão uma reunião com a Assembleia Legislativa para colocar o corpo técnico da instituição à disposição da produção de análises em projetos. "Dali saem as leis que têm impacto na vida das pessoas", justificou o economista, explicando que a intenção é "levar a FEE ao centro dos debates". Nos órgãos ligados ao governo, a fundação pretende colaborar com pesquisa aplicada e análises antes e depois da execução.
Morais citou que a capacidade de armazenamento de dados e processamento das informações foi ampliada em 2014, com investimentos por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). São mais de 800 variáveis produzidas pelas unidades especializadas. A ambição da instituição é ser na prática a referência. "Antes de contratar qualquer consultoria, chamem a FEE", exemplificou o dirigente.
Para marcar os 42 anos da fundação, a atual direção lançou novas publicações em comércio internacional, indicadores regionais e banco de dados digitais que ampliam o acesso e possibilidade de aplicações pelos usuários. Morais explicou que a área técnica vai modelar uma metodologia para montar a conta da riqueza gerada pelo agronegócio, que é o balizador do desempenho da economia regional.