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gestão

- Publicada em 10 de Novembro de 2015 às 22:02

Boas práticas auxiliam o varejo a driblar a crise

Portugal falou a empresários da Capital durante o Zoom do Varejo

Portugal falou a empresários da Capital durante o Zoom do Varejo


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Ter a certeza de que a crise vai acabar, lembrando que em décadas passadas os brasileiros já enfrentaram situações iguais ou piores que a atual, e estar preparado para o momento da virada - quando será possível buscar margem de mercado - será o dever de casa dos varejistas em 2016. "Além de manter custos baixos, estoques enxutos e a base de clientes, será preciso cuidar as vendas a prazo (devido à possível alta de inadimplência)", recomenda o economista Marcelo Portugal, que palestrou a empresários na manhã de ontem, durante o Zoom do Varejo, promovido pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA).
Ter a certeza de que a crise vai acabar, lembrando que em décadas passadas os brasileiros já enfrentaram situações iguais ou piores que a atual, e estar preparado para o momento da virada - quando será possível buscar margem de mercado - será o dever de casa dos varejistas em 2016. "Além de manter custos baixos, estoques enxutos e a base de clientes, será preciso cuidar as vendas a prazo (devido à possível alta de inadimplência)", recomenda o economista Marcelo Portugal, que palestrou a empresários na manhã de ontem, durante o Zoom do Varejo, promovido pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL-POA).
Portugal lembrou que o setor de comércio em geral vem sentindo mais o momento de desaquecimento da economia, por conta dos resultados positivos dos últimos 10 anos, quando o País cresceu, com aumento da renda, do emprego e do crédito - e, consequentemente, também das vendas. "Este cenário mudou em 2015 e ao longo do próximo ano permanecerá negativo", prevê o economista, ao justificar que "o governo federal não está conseguindo corrigir os erros de política fiscal que criou". "O problema é o círculo vicioso de aumento de inflação e de juros, que prejudicam a economia. Com isso, a arrecadação também sofre, aumentando o drama fiscal - um nó que dificilmente será desatado no ano que vem", sentenciou.
Para driblar as adversidades, será necessário ainda que os lojistas busquem agir "fora da caixa", abandonando o foco na crise. Isso já vem ocorrendo, com sucesso, em algumas empresas. "Resolvemos ficar de fora deste cenário negativo, porque seria gastar tempo e energia pensando neste problema. Optamos por trabalhar novas alternativas para vender e expor a marca, além de melhorar nossa eficiência operacional", destacou o sócio-proprietário da marca de roupas masculina Reserva, Rony Meisler, que palestrou durante o evento. Contando com 44 lojas próprias espalhadas pelo Brasil, além de oito franquias, a marca chega ao fim do ano com crescimento de 15% nas lojas já consolidadas e 50% nas novas unidades. No Estado, abriu recentemente a primeira loja no BarraShoppingSul, e deve inaugurar a segunda unidade em 2016, no Shopping Iguatemi.
"O foco na eficiência nos levou a optar por operar com reposição automática (só enviar uma nova peça quando outra semelhante for vendida), ao invés de lotar estoques das lojas com mercadorias", contou Meisler. "Isso nos trouxe seis pontos percentuais a mais no faturamento bruto", mensurou.
Outra iniciativa que funciona, garante o presidente das Óticas Carol, Ronaldo Pereira, é manter transparência na oferta. Essa foi a principal estratégia aplicada pela rede, que conta com 870 lojas no País, 20 delas no Rio Grande do Sul. "Além disso, convocamos nossos colaboradores e franqueados a adotar uma postura de 'se excluir' da crise", descreve. Como resultado, a empresa irá fechar o ano com crescimento superior a 20%. "Imbuímos a todos a aproveitar as oportunidades que nossos concorrentes não estão aproveitando, ao contrário de - como grande parte das empresas - aplicar dinheiro em juros." O ideal, ensina, "é ser transparente na venda, atrair o consumidor com criatividade".

Reduzir margem para ganhar em volume de vendas é opção

Um detalhe que ajudou as Óticas Carol a contornar a crise no mercado foi se ajustar ao poder de compra do consumidor. "Nos últimos quatro anos iniciamos um trabalho junto à indústria para aproximar o preço Brasil do preço internacional. Hoje, uma marca de óculos que custava três vezes mais aqui, pode ser adquirida nas Óticas Carol pelo mesmo valor que é vendida nos Estados Unidos, onde é fabricada", compara Pereira, afirmando que para equiparar o preço e aumentar o volume de vendas, decidiu reduzir a margem de lucro.
Dentre outras iniciativas, o setor pode apostar em negociar pontos comerciais alternativos, criando negócios menores e distintos dos tradicionais, como quiosques e lojas itinerantes, sugeriu o sócio-diretor da empresa de consultoria e gestão Francap, André Friedheim. Em sua palestra, o especialista destacou as boas práticas que o sistema de franchising - tanto no comércio quanto nos serviços - tem adotado para superar o momento de crise, e destacou o atual processo de fusões e aquisições que estão acontecendo no mercado de franquias para ganho de escala.
"O franchising e os varejistas podem pensar em ser futuros aliados, para conseguir maior poder de negociação com fornecedores, por exemplo (no caso do segmento de alimentação)." Friedheim apontou ainda o processo de coaching como uma ferramenta importante para provocar nos empresários o senso de resolução de problemas, a partir da experiência do negócio que tocam.