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Petroquímica

- Publicada em 05 de Novembro de 2015 às 21:58

Braskem recusa pagar nafta acima da referência dos preços internacionais

Desacerto com a estatal petrolífera pode levar à paralisação das centrais petroquímicas, como a de Triunfo

Desacerto com a estatal petrolífera pode levar à paralisação das centrais petroquímicas, como a de Triunfo


BRASKEM/DIVULGAÇÃO/JC
No dia 15 de dezembro, finda o prazo do mais recente aditivo de contrato firmado entre Petrobras e Braskem quanto ao fornecimento de nafta (principal matéria-prima da petroquímica nacional). Desde que esse tipo de medida foi adotada, em 2014, com acertos que não ultrapassavam seis meses de duração, nunca como nessa quinta-feira o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, foi tão claro quanto às propostas colocadas na mesa de negociação. E o executivo é enfático sobre um ponto: a companhia petroquímica não aceitará pagar mais pelo insumo do que a referência internacional (a mais considerada pelas duas empresas hoje é a ARA - Amsterdã, Roterdã e Antuérpia - o custo médio da nafta nesses três grandes mercados).
No dia 15 de dezembro, finda o prazo do mais recente aditivo de contrato firmado entre Petrobras e Braskem quanto ao fornecimento de nafta (principal matéria-prima da petroquímica nacional). Desde que esse tipo de medida foi adotada, em 2014, com acertos que não ultrapassavam seis meses de duração, nunca como nessa quinta-feira o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, foi tão claro quanto às propostas colocadas na mesa de negociação. E o executivo é enfático sobre um ponto: a companhia petroquímica não aceitará pagar mais pelo insumo do que a referência internacional (a mais considerada pelas duas empresas hoje é a ARA - Amsterdã, Roterdã e Antuérpia - o custo médio da nafta nesses três grandes mercados).
Já quanto à posição da Petrobras, Fadigas esclarece que a estatal não admite nada abaixo da referência internacional e entende que o preço deveria ser um pouco mais elevado do que isso. "Está aí um pouco do nó dessa questão", aponta. O executivo revela que foi proposto pela Braskem, para se alcançar um contrato de longo prazo, que, em cenários de nafta e petróleo baratos, como se vive no momento, a empresa aceitaria pagar acima da referência internacional. Contudo, esse acerto somente seria fechado se, conforme o dirigente, a recíproca fosse verdadeira. Ou seja, quando o panorama mudasse, houvesse a contrapartida da Petrobras. De acordo com Fadigas, nesse modelo, o preço da nafta poderia variar entre 90% a 110% dos valores estipulados pela referência internacional. "Mas a discussão já não caminha muito por esse lado", admite o executivo.
O presidente da Braskem enfatiza que conviver com valores acima da ARA é inaceitável, pois corresponderia ao repasse do custo de importação da gasolina por parte da Petrobras. A estatal considera mais interessante, economicamente, utilizar a nafta para a fabricação de gasolina do que destinar para a petroquímica, devido ao maior retorno financeiro. "E a gente entende que não é nosso (o custo), o setor não pode pagar a conta do desequilíbrio nos combustíveis", afirma. Além disso, frisa Fadigas, a Braskem teria condições de arcar com esse gasto a mais momentaneamente, mas não estruturalmente.
O executivo destaca que a demanda da petroquímica nacional por nafta não cresce há cerca de 15 anos. Por sua vez, o consumo por gasolina, desde 2009, subiu 75% até agora. Segundo o dirigente, esses fatores tornaram a Petrobras de exportadora de nafta e gasolina em importadora atualmente.
Durante a apresentação de resultados financeiros da Braskem a jornalistas nessa quinta-feira, Fadigas aproveitou a ocasião para apresentar um documento da Petrobras que expressava que, devido ao aumento de renda da população, à política pública de incentivo ao consumo (de gasolina) e à perda de competitividade do etanol, ocorreu um aumento não previsto da demanda de gasolina, tornando a companhia importadora desse combustível. "O documento não diz que a Petrobras virou importadora de nafta, o documento explica como a Petrobras tornou-se importadora de gasolina", ressalta o dirigente.
O texto da Petrobras ainda informa que, diante desse cenário, a estatal optou por otimizar o seu parque de refino e deslocar a nafta de produção própria para a fabricação de gasolina, sendo que o insumo importando seria utilizado para abastecer a Braskem. A estratégia tinha como objetivo diminuir a importação da gasolina, o que minimizaria um prejuízo com a prática estimado em US$ 543 milhões. Fadigas reitera que o início do problema do fornecimento de nafta no Brasil teve origem com o caso da gasolina. "Desse conjunto de informações é que vem a posição do setor que o custo de importação não cabe à petroquímica brasileira", defende.
Apesar das dificuldades, Fadigas espera que as partes envolvidas cheguem a um acordo de longo prazo. Conforme o executivo, não há um "plano B". A consequência de um desacerto entre Petrobras e Braskem seria a paralisação das centrais petroquímicas alimentadas por nafta no Brasil.

Presidente da empresa espera que seja retomado o empreendimento da Synthos no Estado

A falta de uma solução quanto à nafta está atrapalhando o prosseguimento do projeto de ABS que o grupo Styrolution quer desenvolver na Bahia e o de uma planta de borracha sintética que a polonesa Synthos planeja instalar em Triunfo. O complexo gaúcho seria abastecido por butadieno, produto fabricado pela Braskem no Estado e proveniente da nafta. O presidente da Braskem, Carlos Fadigas, não perdeu as esperanças de que o grupo europeu, que hoje aguarda uma definição sobre a matéria-prima, retome o investimento.
"Espero que faça, sinceramente, espero que volte a fazer", diz Fadigas. A Braskem continua discutindo com a Synthos o fornecimento de butadieno e a expectativa é de que, com uma solução quanto à nafta, a empresa possa ser novamente atraída. O executivo argumenta que a mudança do patamar de câmbio alterou o custo de investimento no Brasil, tornando o País mais competitivo. No começo deste ano, a estimativa era que a unidade, que teria capacidade para 80 mil a 90 mil toneladas de borracha sintética ao ano, absorveria cerca de R$ 640 milhões em investimentos. Fadigas salienta que o empreendimento da Synthos possibilitaria a redução do volume de exportação de butadieno da Braskem.
Se quanto ao fornecimento de matérias-primas há turbulência ainda, pelo menos a Braskem comemora um resultado financeiro positivo no terceiro trimestre deste ano, com um lucro líquido de
R$ 1,482 bilhão. Porém, caso a contabilidade de hedge não tivesse sido adotada, a companhia teria registrado um prejuízo de R$ 3,294 bilhões em função da variação da depreciação do real em 28% em relação ao trimestre anterior. Enquanto o mercado externo foi benéfico para a empresa, o interno teve revés. As exportações de resinas da Braskem totalizaram 454 mil toneladas, uma alta de 22% e 43% em relação ao segundo trimestre deste ano e o terceiro trimestre de 2014, respectivamente.
As exportações dos principais petroquímicos básicos somaram 482 mil toneladas, uma expansão de 35% e 19%, em relação ao segundo trimestre de 2015 e o terceiro trimestre do ano passado. Enquanto isso, a demanda brasileira de resinas no terceiro trimestre de 2015 atingiu 1,2 milhão de toneladas, uma redução de 11% quando comparada com o mesmo período do ano anterior. Em relação ao segundo trimestre deste ano, o volume manteve-se praticamente no mesmo patamar, com uma expansão de 1%. As vendas da Braskem totalizaram, no trimestre, 866 mil toneladas. Fadigas adianta que a perspectiva é de uma queda de 5% a 7% no consumo de resinas termoplásticas no País em 2015.