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- Publicada em 11 de Novembro de 2015 às 13:01

Ensino não é só ferramenta do PIB

 LIVRO SEM FINS LUCRATIVOS

LIVRO SEM FINS LUCRATIVOS


DIVULGAÇÃO/JC
Refletindo que o ensino, especialmente o universitário, não deve ser reduzido a uma ferramenta do Produto Interno Bruto (PIB) e que devemos reconectar novamente as humanidades à educação, a norte-americana Martha C. Nussbaum, professora emérita de Direito e Ética da Universidade de Chicago, expõe, mais uma vez, suas ideias em Sem fins lucrativos - Por que a democracia precisa das humanidades (WMF Martins Fontes, 154 páginas).
Refletindo que o ensino, especialmente o universitário, não deve ser reduzido a uma ferramenta do Produto Interno Bruto (PIB) e que devemos reconectar novamente as humanidades à educação, a norte-americana Martha C. Nussbaum, professora emérita de Direito e Ética da Universidade de Chicago, expõe, mais uma vez, suas ideias em Sem fins lucrativos - Por que a democracia precisa das humanidades (WMF Martins Fontes, 154 páginas).
Martha escreveu, entre outros, os livros Fronteiras da Justiça e A fragilidade da bondade, publicados no Brasil pela WMF e é considerada, na atualidade, uma das mais eruditas e visionárias acadêmicas que escreve sobre o Ensino Superior. Sem fins lucrativos lembra que os objetivos maiores da educação liberal vão além do projeto pessoal e da competitividade nacional. "O verdadeiro projeto é educar cidadãos globais responsáveis que irão defender a democracia e o desenvolvimento humano, e que tenham a competência para colocar, acima das diferenças, a solução dos urgentes problemas mundiais", diz.
Martha diz que a educação está cada vez mais utilitária, voltada para o mercado e para a carreira profissional, e empobrecida com as artes e humanidades. Embora entenda que as humanidades não tornem, por si, as pessoas necessariamente bondosas e criativas, pensa que elas são necessárias para o exame socrático e para o autoexame. Para Sócrates, uma vida não examinada não valia a pena ser vivida.
Historicamente, as humanidades têm sido fundamentais para a educação, porque tem se considerado que são essenciais para a formação de cidadãos democráticos competentes. Para a autora, nos últimos tempos, a reflexão sobre os objetivos da educação perdeu o rumo nos Estados Unidos e fora dele. Priorizando o crescimento econômico, a educação passou a enfatizar a educação de alunos economicamente produtivos ao invés de ensiná-los a raciocinar e a se tornarem cidadãos compreensivos e instruídos. A perda de sensibilidade social coloca as democracias em risco e a esperança de um mundo decente.
A partir do relato de eventoseducacionais perturbadores e auspiciosos, de todo o mundo, Martha faz um manifesto é um brado de alerta para todos aqueles que se preocupam com os objetivos mais profundos da educação.
"Se não insistirmos na importância crucial das humanidades e das artes, elas vão desaparecer gradativamente, porque não dão lucro. Elas só fazem o que é muito mais precioso do que isso: criam um mundo no qual vale a pena viver, pessoas que são capazes de enxergar os outros seres humanos como pessoas completas, com opiniões e sentimentos próprios, que merecem respeito e compreensão e nações que são capazes de superar o medo e a desconfiança em prol de um debate gratificante e sensato", diz a autora.

Lançamentos

lançamento

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DIVULGAÇÃO/JC
  • Campereadas - Crônicas, contos e causos do Sul (Editora Sulina, 134 páginas), do jornalista Paulo Mendes, um dos editores do Correio do Povo, traz crônicas, contos e causos escritos com linguagem criativa sobre Sul, cavalos, gaúchos, facas Solingen, taperas, bolichos, guris, peões e muita coisa mais.
  • Sabores da Itália - antipasti, verdure, primi & secondi piatti (Societá Italiana Di Bento Gonçalves, Araucária Edições, 264 páginas) do editor, professor, tradutor, conferencista e cozinheiro - cappo Darcy Luzzatto, traz centenas de receitas de entradas, saladas, primeiros e segundos.
  • Devagar o sempre (Besourobox, 128 páginas), traz contos do escritor e ministrante de oficinas Cássio Pantaleoni. Valesca de Assis, na apresentação, escreve: as histórias são as questões humanas de sempre. São casos de vidas pequenas, em que as violências têm de ser tragadas com a avidez da pressa...

A feira

Pontual como as flores e os bronzeados das gaúchas da primavera de Porto Alegre, chegou a 61ª Feira do Livro, gostosa, tecnológica e sexygenária, a mesma e cada vez melhor, mas sempre com as pipocas com queijo, o velho charme e os lances e encontros previsíveis e imprevisíveis de costume.
Esses dias dei de cara por lá com o Dom Quixote, que disse que está tudo às mil maravilhas, com sonhos, donzelas, livros, batalhas, ideais, justiça, democracia, baladas, cervejas e hambúrgueres no Moinhos de Vento e tal. Já quando falei com o Sancho Pança, ele me disse que a crise está braba, que a grana anda curta, que tem gente casando até por amor, latindo para economizar cachorro, trocando a Disney pelo parquinho da Redenção e que estávamos melhor quando estávamos péssimos. Os dois têm razão, vá lá. Sei lá, a verdade deve estar no meio. Só não me pergunte no meio de onde.
Melhor mesmo e mais interessante foi ter encontrado a Madame Bovary, que ainda está caldável, como diria o grande cronista Flávio Dutra, profundo conhecedor da alma feminina. Pois ela me falou que o marido anda meio desligado, focado no trabalho, meio deprê e estereofônico demais: altíssima fidelidade, baixíssima frequência e potência reduzida. Disse que o papo dele anda chato e etc. C'ést la vie! Foi o que eu disse, tentando colocar alguma esperança na entonação. E logo mudei de assunto, que o marido enfeitado dela estava chegando.
Essa 61ª feira vai ficar na memória pela presença do simpático e multimídia patrono Dilan Camargo, que transita pela política, pela música, pelo magistério superior, pelas atividades culturais e escreve para adultos e crianças. Dilan, com senso de oportunidade, falou a favor da formação de leitores e da valorização dos bens culturais e da educação. É isso mesmo, patrono, menos face e mais books!
Embora esta feira também vá ficar marcada por orçamento e espaços menores do que em edições passadas, consta que, em termos de vendas, ao menos até o momento, os números são maiores que os dos anos anteriores.
De qualquer modo, a Feira do Livro cumpriu com sua missão de levar centenas de milhares de pessoas para a praça para reverenciar o livro e curtir centenas de atividades culturais. Sempre é um alento, especialmente neste 2015, que a gente não vê a hora que vá de vez para as calendas gregas e troianas. 1968: o ano que não acabou. 2015: o ano que tem mais é que acabar!
Como sempre, a feira propicia pensar que o livro impresso segue firme, impávido colosso, inigualável objeto de design. A leitura silenciosa e individual de um livro em papel é uma experiência única, incomparável, vai continuar sendo, por séculos e séculos. Ela desperta e estimula a imaginação, a fantasia, a inteligência, a liberdade e os sentidos como nenhuma outra.

a propósito...

Para variar, vamos deixar uma sugestão para realização de uma Feira do Livro no começo do inverno, em algum shopping, quem sabe, na Usina do Gasômetro, ou em outro local que a população indicasse, até por votação. Não seria tão grande como a feira da praça, claro. Talvez uma feira enfatizando mais a prata da casa, os valores e atividades locais, que, aliás, já são valorizados pela feira, faça-se justiça. Não é uma ideia propriamente nova, já tivemos algumas experiências assim no passado, mas acho que vale pensar de novo, até para incentivar o turismo e a cultura. Sugestões para a redação e Câmara Rio-Grandense do Livro.