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Decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Minas Gerais critica a ânsia de "produtividade da sociedade pós-moderna" e conclui que "viver não é apenas trabalhar". No acórdão, é concedida independentemente das parcelas rescisórias habituais reparação moral (R$ 10 mil) a um trabalhador, gerente de posto de gasolina, que comprovou que "os períodos de descanso e convívio familiar não eram plenamente usufruídos, pois ficava à disposição da empresa, de sobreaviso, sendo acionado para retornar ao trabalho durante madrugadas, aos fins de semana e até nas férias".
O julgado reconheceu que "o extenuante regime de trabalho imposto ao funcionário comprometeu sua liberdade de escolha, inibindo a convivência familiar e social e frustrando seu projeto de vida". No entender do relator, Luiz Otávio Linhares Renault, a impossibilidade de desconexão do trabalho gerou prejuízo passível de reparação, pois "viver é conviver, relacionar-se com seus semelhantes na busca do equilíbrio, da alegria, da felicidade e da harmonia, consigo próprio, assim como em todo o espectro das relações sociais materiais e espirituais".
Um arremate: "quem somente trabalha dificilmente é feliz. Assim como não é feliz quem apenas se diverte, pois a vida é um ponto de equilíbrio entre o trabalho e lazer". (Proc. nº 0011067-61.2014.5.03.0163).
Enquanto isso...
A recessão econômica atinge a todos, mas a concluir pelos resultados do terceiro semestre divulgados na sexta-feira passada por instituições financeiras e pelo setor produtivo, os efeitos são diferentes. Enquanto as empresas acumulam prejuízos, os bancos surfam nos juros altos e aumentam seus lucros.
O Bradesco, segundo maior banco privado do País, teve lucro líquido de R$ 4,1 bilhões, alta de 6,1% em relação ao período de julho a setembro de 2014. O Santander, terceiro no ranking, teve ganho de R$ 1,26 bilhão, um avanço de 135,7% em relação a igual período do ano anterior.
Entrementes, duas das maiores siderúrgicas anunciaram na semana passada prejuízos bilionários no terceiro trimestre: a Usiminas perdeu R$ 1 bilhão e a Gerdau acumulou perda de R$ 1,96 bilhão. Sete dias antes, a Vale gigante da mineração admitira que seu prejuízo tinha dobrado para R$ 6,6 bilhões em relação ao segundo trimestre.
Brasil 2015
Dois milhões foi o número de pessoas que ficaram desempregadas em todo o País, nos 12 meses encerrados em agosto, segundo dados oficiais do IBGE. A taxa de desemprego subiu para 8,7%.
Mais de 100 mil trabalhadores devem ser demitidos das obras de infraestrutura, nos dois últimos meses do ano - estima a Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Serão 180 mil dispensas só em 2015; de janeiro a setembro já foram exatas 79.131 demissões.
Previsão de alta das tarifas de energia elétrica para 2016 é de 22,83%. E lembrar que, quando integrante do governo Lula (PT), a então ministra Dilma Rousseff (PT) era apontada como uma das pessoas que mais entendia de minas e energia no mundo todo...
Quem costuma elaborar uma ceia de Natal recheada de produtos importados, prepare-se para preços até 30% maiores neste ano. O dólar subiu 60% em 13 meses e pesou sobre as importações de bacalhau, frutas secas, azeites, vinhos, espumantes e... até do panetone nacional. É que o preço do trigo brasileiro é contado na moeda estadunidense.
'Ataque ao Congresso'
(Da "rádio-corredor" da OAB em Brasília)
Há uma grande tranqueira na avenida que passa ao lado do Congresso Nacional. De repente, um homem bate na janela do veículo que está no meio do congestionamento. O motorista abre o vidro e pergunta:
O que está acontecendo?
O homem explica:
Terroristas sequestraram todos os congressistas e estão pedindo R$ 10 milhões de resgaste. Caso contrário, eles vão jogar gasolina em tudo e queimar o Congresso com todos deputados e senadores dentro. Por isso estamos passando de carro em carro e coletando doações.
O motorista pergunta:
E quanto, em média, cada pessoa está doando?
O homem responde:
Ah, por volta de uns cinco litros.
Comandante Cunha
Foi um misto de gritos e gargalhadas, quinta-feira passada, quando o chefe dos comissários de um voo da Gol, de Brasília ao Espírito Santo, anunciou que "o comandante Eduardo Cunha nos conduzirá com segurança a Vitória". Havia simplesmente uma homonímia entre o anônimo e trabalhador aeronauta e o notório e odiado parlamentar presidente da Câmara dos Deputados.
Passageiros não perderam a oportunidade para perguntar se o destino seria "a vitória ou o impeachment". E se não haveria riscos de o comandante desviar o avião para a Suíça...
A propósito
O saudoso Tom Jobim tinha razão em dizer, outrora, que "o Brasil é um país de cabeça para baixo; é só olhar no mapa e ver aquela coisa enorme, tentando se equilibrar numa pontinha fina - o Chuí".
Em bate-papos, o maestro analisava, por exemplo, que o Brasil não era para principiantes, onde tudo se estragava fácil, mais depressa do que qualquer fruta: "pode às vezes passar logo do promissor para o podre, sem chegar a amadurecer".
O casal de humanos, os touros campeões e as vacas
CHARGE - ESPAÇO VITAL
DIVULGAÇÃO/JC
O desembargador aposentado que prestou jurisdição em questões de família recorda um dos casos judiciais mais curiosos que passou por suas mãos. Foi o do casal que se separou porque a mulher estava enciumada com o desempenho sexual de grandes reprodutores bovinos.
O colunista encontra, ao acaso, um veterano desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) que, quando em atividade, prestou eficiente jurisdição em família e sucessões. A conversa como não poderia deixar de ser avalia eleições na Corte e na OAB; aborda também o crescimento jurisdicional da estagiariocracia; e incursiona sobre a competência escancaradamente delegada à assessorcracia.
De repente, o assunto descontrai para casos curiosos esgrimidos em autos sob segredo de Justiça. Entre eles, um ocorrido em comarca gaúcha.
Um casal de meia idade, já às turras pelo decréscimo do calor conjugal vai visitar uma feira agrícola na zona rural, em um belo domingo. Ali, touros estão sendo leiloados para reprodução. O leiloeiro anuncia o primeiro negócio do dia:
Eis aqui um belo espécime. Trata-se de um touro holandês que reproduziu 50 vezes no ano passado.
A mulher, de forma sutil cutuca seu marido e comenta:
Viu só a eficiência? São mais de quatro vezes por mês!
Vem o segundo leilão. O arguto leiloeiro oferece:
Aqui está outro ótimo espécime. Uma maravilha de touro nelore. Reproduziu 120 vezes no ano passado. O proprietário tem fotos de todos os momentos de cruza, caso alguém se interesse em ver...
Mais uma vez a esposa incomoda seu marido:
Viu? São cerca de 10 vezes por mês!
O marido começa a ficar irritado com a comparação. Então, o terceiro touro é leiloado.
E este recordista, touro da raça "brahman", reproduziu 365 vezes no ano passado!, proclama o leiloeiro.
A esposa dá um tapa no braço do seu marido e provoca:
Faz a conta! Uma vez por dia, todos os dias do ano!
O homem, já irritado, grita sem se preocupar que os circunstantes escutem:
Mas seguramente todas as 365 vezes não foram com a mesma vaca!
Duas semanas depois entra no foro da comarca a petição da ação de separação judicial consensual do casal.
DIVULGAÇÃO/JC
A voz do povo
Historinha publicada aqui no Jornal do Comércio, em agosto de 2009, pelo colunista José Simão, é ressuscitada e comentada, agora, nas redes sociais, mais de seis anos depois: "Congresso Nacional, se gradear vira zoológico; se murar vira presídio; se cobrir com lona vira circo; se botar lanterna vermelha vira puteiro; e se der a descarga não sobra ninguém". Se "a voz do povo é a voz de Deus", como diz o ditado, então até o Criador está de maus bofes com os políticos.
Orixás em ação
O fato ocorreu em Brasília, em julho, mas só vazou na semana passada. Da última vez em que a Polícia Federal esteve na casa de Fernando Collor, em busca dos automóveis de luxo, os agentes encontraram, sobre uma mesa, um despacho de macumba endereçado a Rodrigo Janot, com uma foto do procurador-geral da República em meio a vários apetrechos e, numa folha com o timbre do Senado, expressões como Iemanjá, Elegbara, Oxalá e Ogum.
Não deu muito certo, mas em 1992 Fernando Collor já tinha apostado em expedientes semelhantes para tentar se livrar de encrencas.