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- Publicada em 22 de Novembro de 2015 às 22:24

Nova Chocolatão servirá de modelo para novos reassentamentos em Porto Alegre

Dos cerca de 700 moradores originais, sobraram menos de 100

Dos cerca de 700 moradores originais, sobraram menos de 100


JOÃO MATTOS/JC
Isabella Sander
Estudado pelo Global Compact Cities Programme da Organização das Nações Unidas (ONU), o modelo de reassentamento desenvolvido pela prefeitura de Porto Alegre no caso da vila Chocolatão servirá como base para novos processos desse tipo. Em evento promovido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o secretário municipal de Governança Local, Cezar Busatto, informou que a pasta tem trabalhado na vila Santa Terezinha (antiga Vila dos Papeleiros), na vila Santo André, próxima à freeway, e na comunidade das ilhas, que envolve 8 mil pessoas. "Nesses locais, trabalhamos dessa maneira, em rede colaborativa, promovendo melhorias, de modo que aquela comunidade evolua para uma situação de mais humanidade e dignidade", afirma.
Estudado pelo Global Compact Cities Programme da Organização das Nações Unidas (ONU), o modelo de reassentamento desenvolvido pela prefeitura de Porto Alegre no caso da vila Chocolatão servirá como base para novos processos desse tipo. Em evento promovido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), o secretário municipal de Governança Local, Cezar Busatto, informou que a pasta tem trabalhado na vila Santa Terezinha (antiga Vila dos Papeleiros), na vila Santo André, próxima à freeway, e na comunidade das ilhas, que envolve 8 mil pessoas. "Nesses locais, trabalhamos dessa maneira, em rede colaborativa, promovendo melhorias, de modo que aquela comunidade evolua para uma situação de mais humanidade e dignidade", afirma.
Jessica Borges, de 24 anos, foi morar na Chocolatão com a família aos oito anos de idade. Aos 18, em 2011, mudou-se para o residencial Nova Chocolatão, nos altos da avenida Protásio Alves, onde a comunidade de 180 famílias foi reassentada. O processo de reassentamento demorou cinco anos. Lá, recebeu uma casa própria, casou-se e, hoje, tem um filho de três anos. "Muitos se mudaram, ao longo desses cinco anos. Das cerca de 700 pessoas originais, sobraram menos de 100. Quem deu valor e ficou é quem realmente necessitava daquela casa", revela.
O perfil dos moradores também mudou. Os habitantes originais venderam suas casas para pessoas com poder aquisitivo superior. "A comunidade que trabalha na usina de reciclagem construída para gerar renda para a nossa população é a parcela pobre, mas, atualmente, a maioria dos que vivem são pessoas com renda mais alta, com carrões estacionados em frente às suas casas. Se tu vais na Nova Chocolatão hoje, não reconheces a vila que havia antes", pondera Jessica.
A jovem tira seu sustento da usina, onde atua como tesoureira. Além disso, faz parte da Associação de Catadores da Nova Chocolatão. Antigamente, era carrinheira. "Quem quer, vai longe. Eu tive foco e já conquistei muita coisa. Agora, meu objetivo é voltar a estudar, terminar o Ensino Médio, fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2016 e, depois, começar a estudar Direito. Tenho que defender a minha associação, né?", diz. O galpão emprega 32 pessoas, sendo 22 mulheres e 10 homens, e fica ao lado do residencial.
Localizada na região Central de Porto Alegre, a antiga vila Chocolatão sofria, frequentemente, com grandes incêndios, pois, como grande parte da renda local vinha da reciclagem, os entornos eram repletos de materiais inflamáveis. "É uma comunidade sofrida. Eu sei, porque sofri junto, perdi tudo. Em uma época, comecei a trabalhar, mobiliei a minha casa, com a perspectiva de nos mudarmos em dois anos para o residencial, e vi tudo queimar. Não dormia direito, com medo. Só consegui dormir de verdade, quando nos mudamos", desabafa a tesoureira.
Conforme Busatto, a proposta da prefeitura é, idealmente, regularizar e urbanizar as comunidades irregulares no próprio lugar onde já estão. "Com essas populações, o que estamos fazendo é organizar as comunidades para que possam, aos poucos, conquistar suas melhorias, de modo que o local acabe se transformando em uma área regular, com luz elétrica, água encanada e serviços públicos", esclarece. Quando acontece uma situação como no caso da Chocolatão, em que foi determinada reintegração de posse da área, as famílias são envolvidas no processo, a fim de que construam essa transição junto ao governo.
 
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