Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

operação zelotes

- Publicada em 26 de Outubro de 2015 às 22:50

PF faz busca em empresa de filho de Lula

Um escritório onde funcionam três empresas de Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi alvo de buscas da Polícia Federal ontem na Operação Zelotes. Esta fase investiga suspeitas de que benefícios concedidos ao setor automotivo foram renovados após pagamento de propina.
Um escritório onde funcionam três empresas de Luis Cláudio Lula da Silva, filho caçula do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi alvo de buscas da Polícia Federal ontem na Operação Zelotes. Esta fase investiga suspeitas de que benefícios concedidos ao setor automotivo foram renovados após pagamento de propina.
Foi a primeira vez que uma operação deflagrada pela Polícia Federal com apoio do Ministério Público Federal teve como alvo um filho do ex-presidente, que neste ano passou a ser investigado por suspeita de tráfico de influência por causa de seu envolvimento com empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato.
A Operação Zelotes, desde o início do ano, apura irregularidades no Carf, conselho vinculado ao Ministério da Fazenda que julga recursos de empresas contra multas aplicadas pela Receita Federal, mas os investigadores abriram outra frente para examinar suspeitas de que medidas provisórias tenham sido negociadas com funcionários do governo e congressistas.
Segundo a força-tarefa da Zelotes, empresas interessadasem benefícios tributários contidos nas medidas provisórias 471, de 2009, e 627, de 2013, depois transformadas em lei, pagaram escritórios de lobby que distribuíram os valores a "colaboradores". Os investigadores calculam que pagamentos de R$ 6,4 milhões foram feitos para garantir a medida editada em 2009.
O filho de Lula entrou na mira dos investigadores porque uma de suas empresas, a LFT Marketing Esportivo, recebeu R$ 1,5 milhão de um escritório de lobby, a Marcondes e Mautoni, na mesma época em que os lobistas foram remunerados por duas empresas interessadas na renovação da medida de 2013.
Segundo petição da força-tarefa, é "muito suspeito que uma empresa de marketing esportivo receba valor tão expressivo de uma empresa especializada em manter contatos com a administração pública (Marcondes e Mautoni)".
A empresa de Luis Cláudio "estranhamente" foi o segundo maior destino dos recursos obtidos pela Marcondes e Mautoni de duas empresas automotivas, a MMC, que fabrica os carros da Mitsubishi, e a Caoa, fabricante de alguns veículos da Hyundai. O maior beneficiário dos recursos foi o próprio dono da Marcondes, Mauro, com R$ 3 milhões.
De acordo com os procuradores da República, a investigação revelou "com segurança" que Marcondes e a SGR Consultoria "nada produzem de lícito. Limitam-se apenas a intermediar interesses espúrios perante a administração pública".
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Luis Cláudio Lula da Silva, criticou a operação de busca. Ele pediu à Justiça e à PF acesso ao material usado para justificar a medida. Disse que a falta de acesso "impede que a defesa possa exercer o contraditório e tomar outras medidas cabíveis". O advogado descartou a participação na aprovação da isenção de imposto para a indústria automobilística.
"A simples observação da data da constituição da empresa é o que basta para afastá-la de qualquer suspeita", disse Martins. "A MP foi editada em 2009 e a LFT constituída em 2011, dois anos depois." O advogado disse que os serviços prestados pela LFT podem ser comprovados.
Nesta fase da operação, foram presas preventivamente seis pessoas, incluindo Marcondes e sua mulher, Cristina, e o lobista de Brasília Alexandre Paes dos Santos. A PF coletou documentos e computadores de 18 empresas.
 

Carvalho atuou em 'conluio' com lobista, indica relatório

Relatório da Operação Zelotes afirma que Gilberto Carvalho (PT), chefe de gabinete do ex-presidente Lula (PT) e ministro durante o primeiro governo Dilma Rousseff (PT), esteve em "conluio" com um lobista interessado na edição de uma medida provisória que beneficiou o setor automotivo.
Segundo a Polícia Federal, Mauro Marcondes, sócio-proprietário da microempresa Marcondes e Mautoni, e outro escritório de lobby, a SGR Consultoria Empresarial, de José Ricardo da Silva, pagaram ao menos R$ 6,4 milhões a "colaboradores" para conseguirem editar, no final de 2009, a medida provisória que prorrogou por cinco anos os benefícios fiscais concedidos em uma lei de 1999. O relatório da PF não reuniu provas de que Carvalho recebeu propina para a edição da medida, mas apontou um "conluio" entre o ex-ministro e Marcondes "quando se trata da defesa de interesses do setor automobilístico".
De acordo com a PF, a Medida Provisória 471, de 2009, foi assinada pelo então presidente Lula apenas quatro dias depois de um evento que teria ocorrido em 16 de novembro de 2009 e foi identificado como "Café: Gilberto Carvalho" em um papel apreendido na casa de outro lobista, Alexandre Paes dos Santos.
"Constatamos que as relações mantidas entre a empresa do lobista Mauro Marcondes e o Gilberto Carvalho são deveras estreitas. Os documentos fortalecem a hipótese da 'compra' da medida provisória para beneficiamento do setor automotivo, utilizando-se do ministro que ocupava a 'antessala' do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva", afirma o relatório da PF.
Em uma planilha apreendida pela PF na casa de Alexandre Paes dos Santos, Carvalho é citado entre outras pessoas dentro de um "projeto de prorrogação por mais cinco anos (2015-2020) do Benefício Fiscal para a Caoa".
A Folha de S.Paulo apurou que a PF questionou um dos suspeitos presos ontem sobre Carvalho. Os investigadores perguntaram se "GC 10" seria "uma alusão a Gilberto Carvalho e ao aumento do valor dos colaboradores para R$ 10 milhões".
O ex-ministro negou ter recebido recursos ilicitamente no período em que trabalhou no Planalto. "Nunca recebi dinheiro nenhum. Eu tenho uma chácara, um apartamento para pagar em 20 anos e uma filha falida, a quem tenho de ajudar. Estão fazendo meras e tristes interpretações. Quero que comprovem se recebi um tostão", afirmou.
Carvalho admite que conhece Marcondes, um dos suspeitos presos pela PF. "Quando era chefe de gabinete, o recebia para tratar de temas relativos a ele ter uma audiência com o presidente Lula. Vinha demandar interesses do setor automobilístico, algo normal. Nunca o encontrei fora do meu gabinete." Carvalho afirma que Marcondes conhece Lula de longa data, já que o empresário negociava com o ex-presidente desde a época em que Lula era metalúrgico. Segundo o ex-ministro, Marcondes atuava em nome da indústria. "Era um cara que Lula conhecia bastante. Agora, não sei se eram amigos, de frequentar a casa. Isso eu não sei."

Anfavea suspende vice-presidente preso em ação da Polícia Federal

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) suspendeu ontem, por prazo indeterminado, o vice-presidente tesoureiro da entidade, Mauro Marcondes. O executivo foi preso na manhã de segunda-feira pela Polícia Federal (PF), em mais uma fase da Operação Zelotes.
De acordo com a Anfavea, a decisão foi tomada pelo presidente da associação, Luiz Moan, após a repercussão na imprensa nacional envolvendo o executivo.
Em nota assinada por Moan, a entidade informou que a suspensão se dará "pelo período necessário para defesa e conclusão do processo investigativo pelos órgãos institucionais".
Na Anfavea, Marcondes representava a MMC Automotores do Brasil, responsável pela produção de veículos da Mitsubishi no País.
Como revelou o jornal O Estado de S.Paulo no início do mês, o executivo é investigado pela Polícia Federal por suposto lobby para compra de medida provisória por parte de montadoras no segundo mandato do presidente Lula (PT).