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operação Lava Jato

- Publicada em 18 de Outubro de 2015 às 16:47

Cunha perde o apoio para evitar abertura de processo

Deputado teria R$ 61 milhões 
em patrimônio não declarado

Deputado teria R$ 61 milhões em patrimônio não declarado


ANDRESSA ANHOLETE/AFP/JC
O isolamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), diante do agravamento das denúncias contra ele nos últimos dias já produz reflexos no Conselho de Ética, que deve analisar seu processo por quebra de decoro parlamentar. Aliados calculam que, em menos de 24 horas, ele perdeu cerca de metade dos votos que tinha no colegiado e agora terá de apostar em manobras regimentais para evitar a perda do mandato e, consequentemente, do foro privilegiado.
O isolamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), diante do agravamento das denúncias contra ele nos últimos dias já produz reflexos no Conselho de Ética, que deve analisar seu processo por quebra de decoro parlamentar. Aliados calculam que, em menos de 24 horas, ele perdeu cerca de metade dos votos que tinha no colegiado e agora terá de apostar em manobras regimentais para evitar a perda do mandato e, consequentemente, do foro privilegiado.
O caso de Cunha chegou ao Conselho de Ética graças a uma representação feita pelo P-Sol e pela Rede, com base em acusações da Procuradoria-Geral da República de que ele manteria contas secretas na Suíça. Cabe ao colegiado aprovar parecer indicando a cassação ou a manutenção do mandato, após uma investigação. O julgamento sobre o destino político do parlamentar é tarefa do plenário.
Aliados do peemedebista contabilizavam, na noite de quinta-feira, de 11 a 14 votos a favor de Cunha entre os 21 titulares do conselho - o presidente vota, mas só em caso de empate. Na tarde do dia seguinte, após a divulgação dos documentos que reforçam que o presidente da Câmara possui contas na Suíça, o cálculo girava em torno de apenas cinco apoios. Foram colocados em dúvida votos de PP, PSD e PR, antes considerados favoráveis. Os votos dos deputados do DEM, PSDB e PPS, para alguns parlamentares, permanecem uma incógnita.
Para ilustrar a situação de Cunha, um deputado do PMDB diz que os aliados caminharam com o presidente até a "beira da cova", mas "agora a cova chegou e ninguém vai pular com ele".
Um líder da oposição diz acreditar que o peemedebista só conseguirá obter sucesso em caso de acordo ou se o processo no conselho não for de fato aberto, pois, no plenário da Câmara, o presidente da Casa perderia a votação.
Profundo conhecedor das regras da Casa, Cunha ainda tem a seu favor a possibilidade de adotar manobras protelatórias e suscitar discussões que podem alongar o processo no Conselho de Ética, contrariando os planos do presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), que diz pretender concluir a análise do caso do presidente da Câmara ainda neste ano.
Na sexta-feira, novos dados enviados pelo Ministério Público suíço apontavam que Cunha registrou contas secretas usando como identificação seu passaporte diplomático. O presidente da Câmara e a esposa, Cláudia Cruz, também possuem uma frota de nove veículos, no valor total de mais de R$ 1 milhão, em nome da mulher e de empresas do casal, a Jesus.com e a C3 Produções.
Em nota divulgada na sexta-feira, Cunha se disse alvo de perseguição, e acusa o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de "estratégia ardilosa" ao vazar informações sobre as movimentações financeiras secretas do parlamentar.

Força-tarefa descobre Altair, emissário de propinas do presidente da Câmara

A força-tarefa da Operação Lava Jato acredita ter identificado o misterioso "sr. Altair", suposto emissário do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a retirada e transporte de valores de propinas junto a lobistas do esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014.
Altair Alves Pinto, de 67 anos, que se identifica como "comerciante", seria o personagem a quem o presidente da Câmarados Deputados confiava as missões secretas para transportar dinheiro em espécie a ele destinado.
Altair foi citado pelo delator Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano pivô do cerco a Eduardo Cunha como o enviado do peemedebista nessas ocasiões. Os investigadores verificaram que Altair frequentava o gabinete 510 na Câmara, usado por Cunha.
Nos autos do pedido de novo inquérito contra o presidente da Câmara, autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Procuradoria-Geral da República anexou uma ficha com os dados pessoais de Altair. Uma foto dele foi mostrada a Fernando Baiano - apontado como operador de propinas do PMDB - em audiência realizada dia 15 de setembro de 2015. Baiano o reconheceu.
Em 10 de setembro, Baiano havia revelado a ação do braço-direito de Eduardo Cunha. Segundo ele, em certa ocasião, o deputado lhe sugeriu que procurasse "uma pessoa de nome Altair, no escritório dele (Cunha), na avenida Nilo Peçanha, Rio de Janeiro".
O delator contou à Procuradoria-Geral da República que entregou entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo a Eduardo Cunha como parte de uma propina total de US$ 5 milhões. A propina era relativa à contratação de navio-sonda da Petrobras.

Investigações da operação fecham cerco a entorno do ex-presidente Lula

Desde que o doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs da Operação Lava Jato, afirmou, em delação premiada, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "tinha conhecimento" das irregularidades cometidas na Petrobras, o PT está em alerta quanto a um suposto uso político das investigações para atingir seu principal líder.
Na semana passada, a preocupação aumentou com as citações a nomes do entorno de Lula na delação do lobista Fernando Baiano, que disse que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, avalizou um pagamento de propina ao ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Ele afirmou ainda que, a pedido do mesmo Bumlai, pagou contas de uma nora do ex-presidente.
Lula tem três noras. Depois da revelação de Baiano, os advogados de Fábio Luís, o Lulinha, pediram ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, acesso à delação premiada do acusador.
Para tranquilizar o PT, Lula disse ter pedido a realização de uma espécie de auditoria no patrimônio de sua família. O Instituto Lula e os advogados de Lulinha negam que qualquer dos filhos de Lula ou suas noras tenham recebido dinheiro do lobista ou de Bumlai.