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Opinião

- Publicada em 22 de Outubro de 2015 às 17:05

Reflexões sobre a pena na primeira capital

Bela manhã de domingo, dia 04/10/2015, descia a rua Alcebíades Azeredo dos Santos, próxima ao Centro de Viamão. Antes, havia subido a mesma artéria e me encantado com a restauração de romântico bosque, já com crianças gritando e rindo na pracinha e famílias por entre as centenárias árvores, curtindo o sol ao sabor do velho chimarrão. Quadro digno do saudoso pintor porto-alegrense Brilhante de boina, óculos e prancheta ao vivo a retratar tudo de lindo porque belo. Mas voltando à descida, me encantei ao ver descer de modesto automóvel simpática família. Possivelmente pai, mãe, filhos, sogras, sogros, cunhados (as). O cidadão ainda jovem carregava, em bandeja coberta por pano de prato branco, carne para churrasco que com certeza seria assado em uma das churrasqueiras do atraente bosque. A senhora idosa fazia questão de abraçar a caixa de isopor com gelo e bebidas. Tudo maravilhoso. Família. Sol. Natureza.
Bela manhã de domingo, dia 04/10/2015, descia a rua Alcebíades Azeredo dos Santos, próxima ao Centro de Viamão. Antes, havia subido a mesma artéria e me encantado com a restauração de romântico bosque, já com crianças gritando e rindo na pracinha e famílias por entre as centenárias árvores, curtindo o sol ao sabor do velho chimarrão. Quadro digno do saudoso pintor porto-alegrense Brilhante de boina, óculos e prancheta ao vivo a retratar tudo de lindo porque belo. Mas voltando à descida, me encantei ao ver descer de modesto automóvel simpática família. Possivelmente pai, mãe, filhos, sogras, sogros, cunhados (as). O cidadão ainda jovem carregava, em bandeja coberta por pano de prato branco, carne para churrasco que com certeza seria assado em uma das churrasqueiras do atraente bosque. A senhora idosa fazia questão de abraçar a caixa de isopor com gelo e bebidas. Tudo maravilhoso. Família. Sol. Natureza.
Mas, sempre tem um, mas em tudo, vi senhora magra, alta, branca, saia abaixo dos joelhos, cabelos castanho-escuros, mal penteados e de óculos atravessar rapidamente a rua, quase em direção à família antes referida, e fazer olhar de censura. Logo adiante, ao passar por mim, disse para que eu pudesse ouvir:
Não adianta, favelado é favelado!
Eu, que até então estava feliz, quase não quis acreditar no que ouvi, aquele brutal e horrendo preconceito que, com certeza, não condiz com os demais munícipes da hospitaleira Viamão, primeira e velha capital.
Quase todas as semanas me reúno com grupo de psicanalistas para estudar a alma humana e sua catarse. Observo que, debulhando o grão de milho e descortinando véus, o caminho a ladrilhar ainda é árduo e mais longo que desfile na Sapucaí. Pois alguns jamais imaginam a possibilidade de se colocar no lugar do outro e, menos ainda, conferir a estes direitos a entretenimento e lazer, desenvolvendo as benesses do ócio criativo. A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória. O preconceito, segregação e todos os "ismos" abarcam a nave mãe de Noé. Oremos, pois, como o fez Castro Alves: ó Deus dos desgraçados, dizei-me vós Senhor Deus, se é mentira, se é verdade, tanto horror perante os céus!
Escritor
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