O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, rechaçou ontem realizar negociações diretas com os Estados Unidos. Desde que o Irã e seis potências lideradas pelos EUA chegaram a um acordo para limitar o programa nuclear de Teerã em troca da retirada de sanções econômicas internacionais, houve especulações sobre uma melhora no diálogo entre os dois governos, para enfrentar, por exemplo, as crises na Síria e no Iraque. Khamenei, porém, rechaçou essa possibilidade, dizendo que nada de positivo poderia surgir de conversas com Washington.
"Essa negociação está descartada por causa dos incontáveis danos que ela inflige", afirmou o líder iraniano, em seu site oficial. "Além disso, não há vantagem, também. Nós somos contra, porque as conversas significariam infiltração dos Estados Unidos. Eles querem abrir um caminho para a imposição", prosseguiu. Khamenei não indicou se a proibição das conversas poderia afetar a implementação do acordo nuclear.
O Irã é um importante aliado do presidente sírio, Bashar al-Assad, dando ao regime dele apoio militar e financeiro contra grupos rebeldes, incluindo o Estado Islâmico. Milícias xiitas que combatem extremistas sunitas no Iraque também recebem apoio iraniano.
Desde que começaram as negociações sobre um acordo nuclear, Khamenei faz críticas frequentes aos Estados Unidos, aparentemente tentando dar garantias à base ultraconservadora de que um pacto com o Ocidente não alterará as fundações da República Islâmica. Dias após o anúncio do acordo em Viena, em 14 de julho, Khamenei disse que o Irã continuaria vendo os EUA como um inimigo.