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Saúde

- Publicada em 29 de Outubro de 2015 às 22:02

Clínicas qualifica segmento de pesquisa em álcool e drogas

As novas instalações do Centro Colaborador em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, desenvolvido em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça, foram inauguradas nesta quinta-feira, com o objetivo de qualificar o segmento acadêmico e científico na área. As dependências, localizadas na Unidade Álvaro Alvim, incluem salas para o trabalho de pesquisadores e uma biblioteca especializada.
As novas instalações do Centro Colaborador em Álcool e Drogas do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, desenvolvido em parceria com a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça, foram inauguradas nesta quinta-feira, com o objetivo de qualificar o segmento acadêmico e científico na área. As dependências, localizadas na Unidade Álvaro Alvim, incluem salas para o trabalho de pesquisadores e uma biblioteca especializada.
Desde 2012, o Clínicas trabalha para o fortalecimento da rede de assistência aos usuários de substâncias psicoativas no País, com 20 leitos de internação e ambulatório voltados ao atendimento de pacientes com problemas decorrentes do consumo de álcool e drogas. O desenvolvimento de metodologias mais eficientes de tratamento é um dos focos do projeto.
De acordo com o professor Flavio Pechansky, coordenador do Centro, a ideia é proporcionar assistência, treinamento e fortalecer a área de pesquisa. "O Centro Colaborador é um grande guarda-chuva, no qual se localizam diversos grupos, como o centro de pesquisa, o mestrado, um serviço de atendimento, um núcleo que estuda trânsito e outro que estuda as drogas novas para pensar no tratamento. Ao todo, temos mais de 100 pessoas no centro", explica.
O professor ressalta que essa é a primeira unidade no País a adotar o modelo, que integra diversas áreas dentro da política nacional sobre drogas. O atendimento é feito atualmente apenas em pacientes homens, que vêm das emergências psiquiátricas da Capital. O Clínicas não tem esse serviço e nem pretende criá-lo.
"Trabalhamos apenas com pacientes voluntários e o programa de tratamento é muito difícil, tendo várias etapas. Entretanto, eles gostam muito pela qualidade da estrutura que mantemos. As equipes são muito treinadas", relata.
Segundo Pechansky, 50% dos atendimentos são de pessoas com problemas pelo uso de álcool e 50% pelo uso de crack e cocaína. A internação tem uma média de 21 dias, mas o cuidado continua sendo realizado no ambulatório durante cerca de um ano. Desde 2012, a unidade de internação já recebeu mais de mil pacientes e, o ambulatório, mais de 15 mil.
"O trabalho na área das drogas apresenta diversos desafios. Assim, uma das ideias é identificar, junto com a polícia, as substâncias novas, especialmente as semelhantes ao ecstasy, que causam grande dano cerebral, mas têm potencial de dependência mais baixo. Outra questão importante é que, depois do álcool, a maconha é a droga que mais causa danos ao dirigir", destaca.

'Foco das políticas públicas precisa sair da área criminal', afirma secretário nacional de Políticas sobre Drogas

Paiva diz que tratamento depende da voluntariedade do paciente

Paiva diz que tratamento depende da voluntariedade do paciente


CLÓVIS DE SOUZA PRATES/HCPA/DIVULGAÇÃO/JC
O titular da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), Luiz Guilherme Mendes de Paiva, esteve presente na inauguração do centro e destacou a importância do conhecimento acadêmico no direcionamento de ações da pasta. "O centro servirá de referência para o País e nos dará o direcionamento para a criação de políticas públicas", afirmou o secretário.
Jornal do Comércio - No entendimento da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, qual a melhor metodologia de trabalho para abarcar a complexidade da área?
Luiz Guilherme Mendes de Paiva - Buscar novas alternativas. O Centro Colaborador em Álcool e Drogas está envolvido exatamente em um processo de conhecimento e de pesquisa para desenvolver novos tratamentos. Sabemos hoje que os casos não são todos iguais. É importante dizer que nem todas as pessoas que fazem uso de drogas desenvolvem problemas. E as que desenvolvem têm características diferentes, tanto pessoais quanto pela substância utilizada. Assim, é importante que tenhamos um leque de alternativas. Neste momento, é necessário que tenhamos a mente aberta e passemos a investir mais na área de pesquisa.
JC - A questão da internação dos usuários, principalmente as ações pontuais já realizadas de internação compulsória, têm sido tema de intenso debate no País. Como o senhor avalia este tema?
Paiva - Existe um certo consenso de que qualquer que seja a opção terapêutica, a voluntariedade é uma condição para que seja bem-sucedida. Excetuados os casos de emergência graves, que necessitem de internação específica, o tratamento depende dessa voluntariedade.
JC - Fala-se muito das drogas ilícitas, mas o álcool também merece atenção nas políticas públicas e no desenvolvimento de tratamentos. O que vem sendo feito nesse sentido?
Paiva - É importante que tenhamos muito claro que o álcool é uma droga lícita, mas é a que mais causa problemas de saúde e em outros aspectos da vida das pessoas. Neste centro do Hospital de Clínicas, metade dos leitos é ocupada por pessoas com problemas relacionados ao álcool. As políticas públicas precisam se voltar para todas essas substâncias. Focar apenas no crack, por exemplo, não é eficiente.
JC - Outro debate constante é sobre a descriminalização do uso das drogas e a legalização da maconha. Qual é a posição da secretaria?
Paiva - Estamos muito tranquilos com esse debate que acontece no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional. O foco nas políticas precisa sair da área criminal e se voltar para os ambientes de tratamento, cuidado e saúde. Qualquer que seja a decisão jurídica, ela é menos importante que o foco na assistência. Imaginar que a Justiça seja capaz de dar conta de todas as questões que envolvem essa área é um equívoco.