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- Publicada em 12 de Outubro de 2015 às 21:59

Ilhas ficam submersas pelas águas do Guaíba

Pelo menos metade das casas do arquipélago ficou inundada pelas águas lamacentas

Pelo menos metade das casas do arquipélago ficou inundada pelas águas lamacentas


FREDY VIEIRA/JC
Os moradores do arquipélago da Capital estão assustados com a enchente que deixa submersa praticamente todas as ilhas desde sábado. Desde 1967, quando a Capital registrou a segunda maior cheia de sua história, com a régua que faz a medição no cais Mauá marcando 2,83 metros, não se tinha uma situação tão grave. As marcas, inclusive, já ultrapassaram as daquele ano e a enchente já é a maior desde 1941, quando o nível atingiu 4,76 metros. Ontem, a régua registrou 2,92 metros. A maior preocupação é que o nível do Guaíba continua a subir. A cada hora, mais um pedacinho do asfalto fica escondido pelas águas barrentas. A cada minuto, uma pessoa sai das vielas carregando os pertences que consegue.
Os moradores do arquipélago da Capital estão assustados com a enchente que deixa submersa praticamente todas as ilhas desde sábado. Desde 1967, quando a Capital registrou a segunda maior cheia de sua história, com a régua que faz a medição no cais Mauá marcando 2,83 metros, não se tinha uma situação tão grave. As marcas, inclusive, já ultrapassaram as daquele ano e a enchente já é a maior desde 1941, quando o nível atingiu 4,76 metros. Ontem, a régua registrou 2,92 metros. A maior preocupação é que o nível do Guaíba continua a subir. A cada hora, mais um pedacinho do asfalto fica escondido pelas águas barrentas. A cada minuto, uma pessoa sai das vielas carregando os pertences que consegue.
Logo na entrada da Ilha Grande dos Marinheiros, um grupo de voluntários servia alimentos as famílias atingidas no pequeno perímetro que ainda se encontrava seco. Somente ontem, mais de 700 refeições foram entregues. Algumas pessoas levavam de barco mantimentos e produtos de higiene para os moradores que não saíram de casa, e caminhões transportavam água potável. Os bombeiros e a Defesa Civil também utilizaram embarcações para resgatar a população que decidiu ir para os abrigos.
Cristiane Esquerdo, da ONG Associação Movimento do Bem, faz trabalho há dois anos na Ilha dos Marinheiro. Segundo ela, que percorreu boa parte da localidade ontem, mais de mil casas ficaram completamente tomadas pelas águas do Guaíba. “Temos cerca de duas mil casas na ilha e a maioria delas teve perda total. Parte das pessoas não quer sair. Precisamos de ajuda, de comida, voluntários, pois muitos não têm o que comer ou vestir”, contou.
De acordo com a voluntária, muitas crianças residem na região e podem ficar doentes pela água contaminada. “Este é um território esquecido. Não existe infraestrutura, tratamento de esgoto e luz regular. A sujeira é imensa. Com as águas, a situação piora”, relata.
Sentada com as filhas e netos na estada que dá acesso ao interior do Ilha, Marion Rodrigues da Cruz, de 49 anos, diz que só conseguiu salvar a geladeira ao sair de casa, o resto dos pertences foram todos perdidos. “Estou morando na casa da minha filha, que está mais seca. Somos quatro famílias vivendo lá, com dez crianças. Se não fossem as pessoas a ajudar, com leite para as crianças e comida, não teríamos nada para nos alimentar. Meu neto de nove meses está usando pedaços de roupas, pois não temos fraldas”, afirma. A família não pretende deixar a região por medo dos furtos. “Ficamos indo e voltando das casas para ver se nada foi roubado”, completa.
O que mais inquieta a comunidade é a rapidez da elevação da água. De acordo com Beatriz Oliveira de Castro, de 35 anos, mesmo conhecendo o rio desde que nasceu, era impossível prever que o alagamento alcançaria a sua casa. “Foi de uma hora para a outra. Nunca passamos por isso. Estamos nervosos porque não tem onde comprar nada por aqui. Todos os armazéns estão fechados. Mesmo assim, não iremos sair. Adquiri meus móveis com muito sacrifício. Melhor não arriscar”, argumenta.
Além do Ginásio Tesourinha, na Capital, as famílias que optam por sair de casa estão sendo levadas para outros abrigos como uma igreja na Ilha do Pavão, centros comunitários na Ilha das Flores e o Centro Administrativo Regional (CAR Ilhas). O Gabinete de Defesa Civil de Porto Alegre mantém plantão 24 horas nos telefones 199 e 3268.9026 para atendimento de urgências e emergências em situação de risco.

Força da rio forma correnteza nas ruas e invade residências

No bairro Picada, algumas casas já apresentam danos estruturais

No bairro Picada, algumas casas já apresentam danos estruturais


FREDY VIEIRA/JC
Passando a ponte do Guaíba, o trajeto feito pela freeway em direção ao Sul do Estado mostra uma paisagem bastante atípica. São muitas as casas invadidas pelo lago e carros estão totalmente cobertos pela água. Na ponte sobre o município de Eldorado do Sul, veículos param no acostamento para ver, surpresos, a correnteza formar ondas em direção ao interior das casas. Mais de 20 mil pessoas foram atingidas. Devido ao forte volume de chuva e ao represamento do Guaíba por causa do vento sul, a água subiu rapidamente e vários bairros da cidade foram alagados. A última grande enchente que atingiu a cidade foi em 2007, mas proporções menores do que a atual. Nos pontos considerados mais críticos, parte da energia elétrica foi suspensa, como forma de evitar acidentes mais graves.
Kate Lisiane Oliveira, de 44 anos, mora há 18 anos no bairro Picada, um dos mais atingidos. “Estou apavorada. Isso nunca aconteceu. A água já entrou na casa e estamos só esperando subir mais. Não temos o que fazer. Ainda temos comida, mas já tem gente passando fome”, relata. Na vizinhança, a correnteza já está fazendo com que algumas residência apresentem danos estruturais, correndo risco de desabar. “Ninguém veio aqui ainda, nem prefeito nem nada”, diz. Os moradores do bairro carregam eles mesmo os eletrodomésticos no meio da enchente. Os animais de estimação também são carregados no colo pelos donos. Guinchos buscam os veículos que não conseguem mais trafegar nas ruas.

Chuva forte retorna ao Estado amanhã

A instabilidade começou a se afastar ontem, e o fim do dia, em grande parte do Estado, foi de tempo seco. De acordo com a MetSul, hoje, pela influência de ar seco, o tempo deve ficar ensolarado no Rio Grande do Sul. O amanhecer será frio para esta época do ano e a tarde amena. A trégua na instabilidade, porém, será muito breve, porque volta a chover de forma generalizada no Estado amanhã. Até quinta-feira, existe alto risco de chuva forte a intensa em algumas regiões devido à passagem de uma frente fria. Os volumes não devem ser tão extremos como nos últimos dias, acumulando mais de 300mm em algumas cidades. Na sequência, ar seco e frio ingressará, com o retorno do sol a partir de sexta-feira.