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Conjuntura Internacional

- Publicada em 22 de Outubro de 2015 às 18:51

Alta da taxa de juro do Fed é ameaça para emergentes

Bolhas de setores como etanol continuam a inflar e podem estourar

Bolhas de setores como etanol continuam a inflar e podem estourar


MARCELLO CASAL JR/ABR/JC
A agência de classificação de risco Fitch afirmou em relatório que os mercados emergentes tornam-se uma fonte crescente de risco para o crescimento global, com a forte queda nos preços das commodities e choques políticos exacerbando a desaceleração. Nesse contexto, a perspectiva de que o Federal Reserve, o Fed, banco central norte-americano, eleve a taxa de juros deve gerar mais pressão sobre esses países. Entre as nações que enfrentam desafios, a agência cita o Brasil.
A agência de classificação de risco Fitch afirmou em relatório que os mercados emergentes tornam-se uma fonte crescente de risco para o crescimento global, com a forte queda nos preços das commodities e choques políticos exacerbando a desaceleração. Nesse contexto, a perspectiva de que o Federal Reserve, o Fed, banco central norte-americano, eleve a taxa de juros deve gerar mais pressão sobre esses países. Entre as nações que enfrentam desafios, a agência cita o Brasil.
De acordo com a Fitch, os bônus dos mercados emergentes foram impulsionados na última década pela busca dos investidores internacionais por maiores rendimentos e pela redução do número de intermediários para o financiamento nos mercados locais de dívida. Com isso, estão mais vulneráveis a uma alta nos juros nos EUA e à reversão dos fluxos de capital.
Entre os 19 emergentes avaliados, a Fitch diz que os emissores da Turquia são os mais expostos em todos os principais setores, ainda que muitos desses riscos estejam em circulação e que o país tenha superado condições desafiadoras no passado. "Os países latino-americanos, notavelmente o Brasil, também enfrentam desafios pela frente, porém mais devido ao enfraquecimento dos fundamentos que pelos altos níveis de financiamento em dólar sem hedge."
A Fitch diz que, em geral, houve melhora nos fundamentos do crédito soberano desses emergentes na última década, com crescentes reservas cambiais em moeda estrangeira, mais países deixando flutuar o câmbio, uma maior proporção de dívida do governo em moedas locais e com vencimentos mais longos. Porém, houve rebaixamentos de ratings soberanos dos emergentes em 2015 e o Fed caminha para apertar sua política no momento em que muitos emergentes desaceleram, com preços mais baixos de commodities, desvalorizações cambiais e, em alguns casos, maior risco político.
Segundo a agência, alguns bancos de emergentes sem muitas dívidas em dólar desejam uma alta nos juros nos EUA, o que pode elevar o lucro deles. Porém, para a maioria dos bancos, qualquer aumento na lucratividade é superado pelos riscos, incluindo a reduzida capacidade de alguns soberanos em apoiar seus bancos, bem como a pressão sobre a qualidade dos ativos e do capital.
"No setor corporativo, companhias alavancadas com dívida denominada em dólar, despesas operacionais e despesas de capital são as mais expostas - especialmente aquelas sem receita em dólar e/ou hedge no balanço", diz a Fitch. Para a agência, há bolhas de setores que continuam a inflar e estourar, como em aço, açúcar e etanol, e entre pequenas companhias do setor de commodities.

BCE reavaliará política monetária da UE em dezembro

O Banco Central Europeu (BCE) deixou a taxa de juros e o seu programa de impressão de dinheiro inalterados na reunião desta quinta-feira, e o presidente do banco, Mario Draghi, disse que vai reavaliar em dezembro o que mais pode fazer para combater a inflação baixa, que ameaça a zona do euro. O órgão manteve a taxa de juros a 0,05%.
Segundo Draghi, a queda nos preços das commodities e as preocupações com os mercados emergentes estão pesando sobre as perspectivas econômicas. O presidente do BCE afirmou que o banco vai completar integralmente o programa de compra de ativos de
¤ 60 bilhões por mês e ressaltou que pode prorrogá-lo para além de setembro de 2016 como parte dos esforços para impulsionar o crescimento na zona do euro e levar a inflação para mais perto da meta de 2%.
Mas em um pedido direto aos governos da zona do euro para darem seu apoio a uma recuperação ainda hesitante na região, ele enfatizou que a política monetária "não deve ser a única saída". "As políticas fiscais devem sustentar a recuperação econômica, mantendo-se em conformidade com as regras fiscais da União Europeia (UE)", disse.
A decisão do BCE de manter as taxas de juros em mínimas recordes era amplamente esperada antes da reunião das autoridades na capital de Malta, Valeta. A atenção estava voltada particularmente para pistas sobre se o BCE está pronto para ampliar ou prorrogar o programa de compra de títulos lançado em março.
Ainda que alguns membros do BCE tenham argumentado que o banco deveria alterar o programa de compra de ativos agora, a maioria acredita que as medidas de estímulo precisam de mais tempo para funcionar, já que os efeitos positivos estão apenas começando a ser transmitidos.
Draghi disse que, embora permaneçam os riscos para a inflação e o crescimento, análises mais profundas são necessárias antes de tomar mais ações. "Nesse contexto, o grau de acomodação da política monetária terá que ser reexaminado em nossa reunião de política monetária de dezembro", disse.
Pesquisas de empréstimo continuam a melhorar, fornecendo mais munição para Draghi argumentar que as medidas de estímulo estão encontrando seu caminho até a economia real e não precisam ser ajustadas urgentemente.