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Economia

- Publicada em 18 de Outubro de 2015 às 18:47

BC discute IPCA de 4,5% só em 2017

Expectativa de redução das contas de luz já tem sido deixada de lado

Expectativa de redução das contas de luz já tem sido deixada de lado


JOÃO MATTOS/JC
O Banco Central (BC) já começa a discutir internamente quais são os benefícios e as perdas de assumir o mais rapidamente possível que a inflação só vai para o centro da meta, de 4,5% ao ano, em 2017. O tema já tem sido comentado nos últimos meses entre analistas do mercado financeiro, mas agora começou a fazer parte de encontros entre diretores do banco.
O Banco Central (BC) já começa a discutir internamente quais são os benefícios e as perdas de assumir o mais rapidamente possível que a inflação só vai para o centro da meta, de 4,5% ao ano, em 2017. O tema já tem sido comentado nos últimos meses entre analistas do mercado financeiro, mas agora começou a fazer parte de encontros entre diretores do banco.
Oficialmente, o BC nega que essas discussões estejam ocorrendo. O assunto, no entanto, já foi pauta em reuniões reservadas de alguns diretores. Com a perspectiva de que o BC não mexerá na taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que será realizada nesta semana, essa postergação do cumprimento da meta possivelmente será debatida com todos os membros da diretoria neste encontro.
Até agora, o BC insiste que o IPCA, o índice oficial de inflação, convergirá para o centro da meta no final de 2016. Mas os analistas dão esse fato como improvável. O que o BC tem de pesar agora é o quanto pode afetar sua credibilidade se mais uma vez insistir em um discurso de cumprimento da meta no ano que vem, quando os agentes não confiam na possibilidade.
O melhor, apontam alguns analistas, é o Banco Central assumir mais uma vez que o alvo não será atingido e focar no cenário mais plausível, que é o de 2017. Isso, alertam especialistas, é bom que seja feito o quanto antes.
A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, defende que tal decisão por parte do BC deveria ser tomada já. "Não é para deixar para a virada do ano", diz, acrescentando que a folga que o BC tem para ancorar as expectativas é muito estreita. Para Zeina, o BC deveria postergar a convergência inflacionária para 2017 deixando claro que, se algum choque surgir em 2016, ameaçando a meta no ano seguinte, pode agir.
Até meados deste ano, o BC vinha conseguindo levar as expectativas do mercado para mais perto do centro da meta em 2016, mas já tinha ancorado as expectativas para os anos seguintes. Nas últimas semanas, o que se tem visto, no entanto, é uma descrença generalizada do mercado de que o BC conseguirá esse feito. O ponto da virada foi a questão fiscal.
Um fator que ilustra bem essa questão é o resultado do Top 5 da última pesquisa Focus. Pela primeira vez, os analistas que mais acertam as projeções, cravaram que a inflação de 2016 ficará acima do teto de 6,5%. Para o grupo formado por cinco instituições, o IPCA encerrará o ano que vem em 6,72%. No mesmo boletim, a expectativa geral estava em 6,05%. Pode ser uma questão de tempo a convergência do levantamento para esse patamar mais elevado.
Além disso, a avaliação de que a alta dos preços administrados se restringiria a 2015 não parece ser mais o cenário base do mercado e nem do BC. Havia uma expectativa de redução dos preços da conta de luz, por exemplo, que já tem sido deixada de lado. Além disso, aumentaram as chances de a Petrobras anunciar novo reajuste dos combustíveis em 2016. Por conta dessas informações, a expectativa para o conjunto desses preços de 2016 na Focus subiu de 5,88% para 6,27% em um mês.
Como o BC vinha comunicando, a tarefa da autoridade monetária este ano era a de tentar circunscrever a 2015 os efeitos secundários desse realinhamento de preços. Não só dos administrados, mas também do câmbio. Mesmo que o BC bata na tecla de que o repasse do dólar para o IPCA está menor, a elevação da moeda americana este ano está em 44%.
A grande questão que tira o poder de fogo do Copom é a área fiscal. Por isso, ressurgiu no mundo acadêmico o debate sobre a possibilidade de o Brasil estar em meio a um processo de dominância fiscal. O BC nega que isso esteja ocorrendo.
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