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- Publicada em 12 de Outubro de 2015 às 19:51

Comércio prevê Natal mais fraco em comercialização

Segundo CNC, será primeira queda nos resultados desde o ano de 2004

Segundo CNC, será primeira queda nos resultados desde o ano de 2004


TIAGO QUEIROZ/AE/JC
O Natal deste ano deverá ser pior que o de 2014 para o comércio brasileiro, de acordo com estimativas de entidades e especialistas do setor. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por exemplo, prevê que as vendas nesse período caiam 4,1%. Segundo a CNC, será primeira queda desde o início da série histórica, em 2004.
O Natal deste ano deverá ser pior que o de 2014 para o comércio brasileiro, de acordo com estimativas de entidades e especialistas do setor. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), por exemplo, prevê que as vendas nesse período caiam 4,1%. Segundo a CNC, será primeira queda desde o início da série histórica, em 2004.
A retração será acompanhada de queda de 2,3% no número de vagas para contratação temporária, acrescenta a CNC. "O emprego temporário é uma aposta que o comerciante faz no Natal. Quanto maior o crescimento das vendas, maior o aumento das contratações", explicou o economista da CNC Fábio Bentes.
De acordo com a CNC, um dos segmentos mais afetados é o de móveis e eletrodomésticos, em razão da desvalorização cambial, da alta da inflação e, em especial, do encarecimento do crédito. A retração projetada neste ano para as vendas do segmento atinge 16,3%. "A situação não deve melhorar até o Natal", afirmou Bentes. Como a taxa básica de juros (Selic) não deve cair até o fim do ano, Bentes disse que isso consolida a taxa de juros recorde atual, o que afeta de forma negativa as vendas e, indiretamente, o emprego temporário.
O economista citou dados do IBGE, segundo os quais o comércio registrou redução das vendas de 2,4% de janeiro a julho deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. No final do ano, a previsão da CNC é queda de 2,9%, piorando nas festas natalinas, quando as vendas devem cair 4,1%. Bentes lembrou que os produtos vendidos no Natal têm maior relação com a variação do dólar do que ao longo do ano. É o caso de alimentos importados, brinquedos e até vestuário. "O dólar em torno de R$ 4,00 coloca uma dificuldade grande. No Natal passado, estava em R$ 2,65."
Para o economista, o Natal ainda vai induzir o varejo a produzir números mais negativos do que os apresentados até agora, porque, além do crédito caro, há o dólar alto, e os dois fatores empurram as vendas para baixo. No ano passado, quando o cenário era diverso, tanto as vendas quanto as contratações temporárias no Natal subiram 1,8%.
O presidente do Clube de Diretores Lojistas do Rio de Janeiro (CDL-Rio), Aldo Gonçalves, lembra que o País está passando por uma turbulência e, com as implicações políticas e econômicas, fica difícil fazer qualquer previsão. "Com a inflação alta, que corrói o salário do trabalhador, com os juros altos, que são ruins para o consumidor e o lojista, e com o desemprego crescente, mais o clima de incerteza, a expectativa é pessimista."

Consumidor deve optar por presentes mais baratos para festas do fim de ano

O professor de finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV) Luiz Eduardo Franco de Abreu disse que o consumidor deverá optar, no fim do ano, por adquirir presentes de menor valor. "Talvez, o número de presentes diminua muito pouco, mas os valores devem diminuir mais."
Segundo Abreu, fenômeno semelhante já começou a ocorrer na área de alimentação. Antes, com poder aquisitivo maior, a classe média optava por restaurantes mais caros, que registravam faturamento maior do que os demais segmentos da economia. Hoje, está havendo uma alteração nesse quadro, ressaltou o professor, e a maioria dos consumidores prefere restaurantes que oferecem preços mais baixos.
Abreu recomenda que o trabalhador guarde uma parte do 13º salário para não aumentar as dívidas. "O melhor presente que ele pode dar a si mesmo e à família é diminuir o endividamento."
A economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), Marcela Kawauti, destacou que a atuação do comércio no fim do ano depende do dinheiro que entra na economia. "Neste ano, já sabemos que o 13º vai ser menor. Há menos gente trabalhando, e quem continua, em termos reais, está ganhando menos."
Pesquisa do SPC Brasil sobre mão de obra temporária mostra que nove em cada 10 empresários não vão contratar trabalhadores para o Natal. Por causa da inflação, do aumento do desemprego e da piora na confiança do consumidor, "o Natal vai ser pior do que em 2014", prevê Marcela.
Para a Associação Brasileira do Trabalho Temporário, o cenário desfavorável na economia brasileira afetará as vendas de final de ano, devido às altas taxas de juros, ao avanço da inflação e à restrição de créditos, fatores que prejudicam diretamente o consumo dos brasileiros. A queda média de 15% registrada no 1º semestre de 2015 nas contratações de trabalhadores temporários, comparativamente ao mesmo período de 2014, somada ao agravamento da crise econômica, indica que haverá queda de cerca de 20% nas admissões temporárias nos próximos três meses. A associação estima que, neste ano, o número fique em torno de 107.800 contratações, contra 134.800 no ano passado.
Quem mais contrata temporários é o comércio de rua, além de shopping centers e supermercados. A maioria dos contratados para o período de fim de ano (65%) tem entre 18 e 40 anos.