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Economia

- Publicada em 12 de Outubro de 2015 às 22:12

Opinião econômica: A meia maratona de Amsterdã

Nizan Guanaes é publicitário e presidente do Grupo ABC

Nizan Guanaes é publicitário e presidente do Grupo ABC


Arquivo/JC
No dia 18 de outubro (conto com suas orações e torcida) vou fazer a meia maratona de Amsterdã, a minha primeira maratona. Esses 21 km são a medida de uma reinvenção profunda. E Cecilia Meirelles diz que a vida só é possível reinventada.
No dia 18 de outubro (conto com suas orações e torcida) vou fazer a meia maratona de Amsterdã, a minha primeira maratona. Esses 21 km são a medida de uma reinvenção profunda. E Cecilia Meirelles diz que a vida só é possível reinventada.
Tinha 160 quilos caminhando a galope para 200. Fumava, comia e bebia em demasia, apesar do brutal histórico cardíaco-familiar. Meu pai e quase todos os seus irmãos morreram do coração. Alguns, bem cedo, como meu pai, aos 45 anos.
Passei a primeira parte de minha carreira cuidando só da carreira e esquecendo todas as outras dimensões da vida que, inclusive, refletem muito na vida profissional.
A revolução profunda em mim e em meu corpo resultou numa revolução que jamais imaginei. Meu propósito original era sobreviver. Mas fui descobrindo uma vida mais profunda, intensa, saborosa e sofisticada.
O livro "On Managing Yourself", publicado pela Harvard Business School, é para mim o que há de mais moderno. A última palavra em gestão. Harvard, e não um livro de autoajuda, mostra que a melhor medida empresarial é a gestão da própria vida pessoal. Clayton Christensen, o guru da inovação, abre o livro com um artigo explicando que criou uma métrica para medir a própria felicidade depois de perceber nos encontros de sua turma de Harvard que, a cada ano, os colegas voltavam mais ricos e mais infelizes. E o propósito da vida, segundo Aristóteles, é ser feliz.
A vida de Nizan, 170 quilos, era essa vida abandonada. A vida empresarial é um moedor de carne. Se você não a domina, ela engole você. Ela engole seu corpo, sua família, suas relações. Ela come tudo.
Muitas vezes o sucesso não consegue ser sustentado porque o corpo, e a alma, a cabeça, são destruídos antes por toda essa pressão profissional. Aí a vida entra em parafuso e, com ela, a vida empresarial. O que esse esplêndido livro de Harvard propõe é que gerenciar a própria vida é a medida empresarial número 1.
Certa vez fui convidado por Bill Gates para falar de Brasil em evento global na sede da Microsoft, com CEOs do mundo todo e do calibre de Warren Buffett e Jeff Bezos. Como o evento começava às 7h, às 5h, fui à academia do hotel e vi uma cena que me marcou para a vida toda: a imensa academia e sua piscina estavam lotadas. Todos os CEOs do mundo estavam ali, tomando a primeira e mais importante decisão empresarial do dia: cuidar da vida.
Não há só uma revolução tecnológica em curso. Há uma revolução humana. Na alimentação, no cuidado com o sono, no controle da mente, da alma, das emoções. Só que antes esse assunto ficava nos cadernos de saúde dos jornais. Ele hoje está aqui no caderno de negócios, pois é aqui que a Harvard Business School está colocando essa pauta.
E essa pauta ajuda muito a se relacionar melhor, a liderar melhor, a decidir melhor, a performar melhor, a ter mais resiliência numa crise como essa. Mas só é possível vencer nessa dimensão se você se dedicar a ela com a mesma obstinação dedicada ao seu sucesso empresarial.
O fato é que com essa nova vida a minha produtividade aumentou muito, e ganhei mais força para enfrentar a crise. Em tantos dias em que não há motivo para ser feliz, minha corrida diária me faz lembrar que a vida é boa, independentemente do câmbio.
A alegria do homem está dentro do homem. Isso não está só na Bíblia, mas na gestão mais moderna e eficaz que se propõe hoje.
Publicitário e presidente do Grupo ABC
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