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Trabalho

- Publicada em 04 de Outubro de 2015 às 21:51

Redução de temporários pode chegar a 50%

Agravamento da crise econômica no Brasil vai afetar o mercado de vagas provisórias para o final de ano

Agravamento da crise econômica no Brasil vai afetar o mercado de vagas provisórias para o final de ano


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Tradicionalmente, o mês de outubro inaugura o período de maior procura por mão de obra temporária, que irá dar suporte ao aumento da demanda das empresas com a chegada do final de ano. Mas, para 2015, esse movimento deve ser muito mais contido do que nos anos anteriores, reflexo do desaquecimento econômico e da retração do mercado de trabalho.
Tradicionalmente, o mês de outubro inaugura o período de maior procura por mão de obra temporária, que irá dar suporte ao aumento da demanda das empresas com a chegada do final de ano. Mas, para 2015, esse movimento deve ser muito mais contido do que nos anos anteriores, reflexo do desaquecimento econômico e da retração do mercado de trabalho.
As projeções não são nada animadoras: a previsão de redução no número de vagas provisórias varia entre 20% a 50%, de acordo com entidades ouvidas pela reportagem do Jornal do Comércio. No País todo, devem ser contratadas temporariamente mais de 107 mil pessoas somente no mês de dezembro, de acordo com a Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem). Esse número é 20% menor do que o registrado no mesmo período de 2014. Porém, esse percentual de queda será sentido durante todo o último trimestre do ano.
Segundo a presidente da entidade, Jismália Oliveira, a estimativa leva em consideração a redução de vagas temporárias já registradas no primeiro semestre de 2015, com queda de 15%. Porém, com o agravamento da situação econômica desde o início do segundo semestre, Jismália projeta que a redução nas contratações temporárias formais seja ainda maior e chegue a 20%. "Percebemos que o cenário é desfavorável, o que nos leva a calcular uma queda muito grande", afirma.
A Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (Fgtas) segue uma lógica semelhante ao analisar o mercado temporário para o final de ano. Segundo o diretor-presidente da entidade, Juarez Santinon, a grande movimentação de abertura de vagas provisórias começa em novembro, mas, observando a retração desse mercado ao longo do ano, já é possível sacramentar que as oportunidades serão menores em 2015. Ele estima que a mesma redução notada ao longo deste ano, com queda de 35% nas vagas temporárias, seja mantida também no final de ano.
Diante da instabilidade do cenário, Santinon, embora evite o pessimismo, crê na possibilidade de que a estimativa de que o número de postos de trabalho temporário seja reduzido pela metade seja concretizada. Essa é a projeção da Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV), que prevê redução de 50%. "No ano passado, o comércio gaúcho contratou, nos meses de outubro e novembro, um total de 18 mil temporários para um universo de 350 mil trabalhadores do setor em todo o Estado. Para este ano, pelo levantamento realizado, não serão oferecidas mais de 9 mil vagas, uma redução de 50% em relação ao ano passado", sublinha o presidente da entidade, Vilson Noer. Como as empresas farão um esforço maior para elevar a produtividade funcional, a fim de minimizar as perdas do primeiro semestre, as contratações tendem a ser menores.
"Sabemos que muitas empresas estão com estoques altos, mas que, mesmo assim, acabaram não demitindo. Isso torna possível a concretização desse número indicado pela AGV", comenta o presidente da Fgtas. "Esperamos que isso não ocorra, mas é possível."
Essa possibilidade é real, de acordo com levantamento feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que indica que nove em cada 10 empresários não contrataram nem pretendem contratar funcionários para reforçar o quadro das empresas para o período. Dos 1.168 executivos consultados em setembro, apenas 7% afirmaram que não contrataram, mas irão abrir vagas até o final do ano.
O levantamento aponta que, entre empresários que não pretendem contratar temporários, 49% acreditam que a equipe de trabalho atual é suficiente para atender ao volume de clientes projetados para o final de ano. "O empresariado imagina que os resultados do Natal, principal data em número de vendas e faturamento, serão ruins, o que impede de investir em infraestrutura e, principalmente, desestimula a contratação de mão de obra", declara o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

Efetivações dos empregados nas empresas contratantes também deverão ser menores

Para Alessandra, oportunidade de emprego temporário é bem-vinda

Para Alessandra, oportunidade de emprego temporário é bem-vinda


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A busca do primeiro emprego levou Alessandra Lis da Cunha Madoerin, 20 anos, a uma unidade do Sine em Porto Alegre. Com curso técnico de informática concluída, a preferência da jovem é pelo trabalho efetivo, mas ela pondera que, neste período do ano, a oportunidade temporária pode aparecer com mais facilidade. "Estou procurando trabalho em qualquer área", diz, assegurando que, se o ingresso no mercado de trabalho vier por meio de uma vaga provisória, também será bem-vindo, ainda não que seja o idealizado.
Segundo a presidente da Asserttem, Jismália Oliveira, 12% das vagas temporárias são ocupadas por jovens que procuram o primeiro emprego. Por isso, ela salienta que a oportunidade, mesmo não sendo efetiva, deve ser bem-aproveitada, porque pode render uma contratação ao final do período contratado. "Esse jovem sai da experiência fortalecido para o mercado de trabalho", destaca.
A presidente da entidade pondera, no entanto, que, neste ano, as efetivações, a exemplo das vagas abertas, também tendem a ser menores. "Tínhamos um histórico positivo quanto à margem de efetivação dos trabalhadores temporários, que chegava a 30% antes da crise econômica de 2008", comenta. Para este ano, a previsão é de que apenas 5% a 8% dos trabalhadores contratados temporariamente sejam contratados como efetivos.
Para a gerente do Sine Porto Alegre, Ângela Oetinger, as efetivações também serão menores neste ano. Porém, ela salienta que, para quem está em busca de uma colocação no mercado, a oportunidade provisória pode ser útil. Ela elenca que, mesmo que a vaga não ofereça oportunidade de efetivação, há a possibilidade de que a empresa, futuramente, abra postos de trabalho e chame o candidato. "É importante conhecer o empregador e saber o que ele quer do trabalhador", indica.
Saber o que o empregador busca é o primeiro passo para obtenção da qualificação necessária para a vaga. "Se o candidato vai ocupar uma vaga temporária de dois a três meses e percebe que o posto de trabalho exige ensino médio, em três meses ela consegue por meio de programas gratuitos, como Ensino de Jovens e Adultos (EJA)", exemplifica. "No final do tempo contratado, o trabalhador consegue apresentar para o empregador a obtenção da escolaridade. Isso para a empresa é ótimo, porque ela vê que ele quer mesmo aquela vaga", acrescenta.
Outra orientação para os trabalhadores temporários é exigir que sejam cumpridos os direitos trabalhistas, estabelecidos na Lei Federal nº 6.019/74. O empregador, por exemplo, é obrigado a atender a prerrogativas como oferecer remuneração equivalente à dos empregados de mesma categoria, férias proporcionais, indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato, correspondente a 1/12 do pagamento recebido e registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social do trabalhador na condição de temporário.