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Teatro

- Publicada em 13 de Outubro de 2015 às 13:20

Ensina-me a viver continua interessante e atual

As vesperais de domingo, no Theatro São Pedro, têm se transformado em momentos de inesperadas emoções para quem as frequenta. No último domingo, a peça Ensina-me a viver, original do dramaturgo norte-americano Colin Higgins, encerrava sua temporada, depois de oito anos em cartaz, atravessando o País de ponta a ponta. Ao mesmo tempo, a atriz Glória Menezes estava completando 80 anos de idade, semelhantemente à sua personagem, Maude, com direito a homenagens e choros emocionados. Tudo isso encerrou com chave de ouro a récita da peça, que teve tradução de Millôr Fernandes e direção de João Falcão. Premiadíssima, elogiadíssima, a montagem brasileira tem qualidade e problemas. Entre os problemas, que é um conjunto pequeno, deve-se destacar a primeira metade da encenação, quando a direção inventa uma série de mecanismos e maquinários que parecem querer competir com o filme, esquecendo-se de que se trata de teatro e, mais, que o espetáculo tem um elenco de primeiríssima qualidade e que pode dispensar tais artificialidades. Não gosto deste tipo de direção, que se esquece que teatro é, acima de tudo, o ator em cena e sua palavra. Tanto isso é verdade que, na segunda parte do espetáculo, culminando em seu final, o trabalho corrige o equívoco e centra-se nos intérpretes e no texto que, embora às vezes lugar-comum, anda muito bem e tem excelentes achados, sustentando-se por si mesmo (por exemplo, quando Harold tenta cantar, o que faz desafinado; ou quando a personagem de Elisa Pinheiro, enquanto uma atriz, encontra-se com Harold; são excelentes achados, essencialmente teatrais e cênicos, e que funcionam esplendidamente). Daí, a peça cresce e envolve a plateia, que se torna lacrimosa e aplaude em cena aberta pelo menos três vezes - mais do que justamente.
As vesperais de domingo, no Theatro São Pedro, têm se transformado em momentos de inesperadas emoções para quem as frequenta. No último domingo, a peça Ensina-me a viver, original do dramaturgo norte-americano Colin Higgins, encerrava sua temporada, depois de oito anos em cartaz, atravessando o País de ponta a ponta. Ao mesmo tempo, a atriz Glória Menezes estava completando 80 anos de idade, semelhantemente à sua personagem, Maude, com direito a homenagens e choros emocionados. Tudo isso encerrou com chave de ouro a récita da peça, que teve tradução de Millôr Fernandes e direção de João Falcão. Premiadíssima, elogiadíssima, a montagem brasileira tem qualidade e problemas. Entre os problemas, que é um conjunto pequeno, deve-se destacar a primeira metade da encenação, quando a direção inventa uma série de mecanismos e maquinários que parecem querer competir com o filme, esquecendo-se de que se trata de teatro e, mais, que o espetáculo tem um elenco de primeiríssima qualidade e que pode dispensar tais artificialidades. Não gosto deste tipo de direção, que se esquece que teatro é, acima de tudo, o ator em cena e sua palavra. Tanto isso é verdade que, na segunda parte do espetáculo, culminando em seu final, o trabalho corrige o equívoco e centra-se nos intérpretes e no texto que, embora às vezes lugar-comum, anda muito bem e tem excelentes achados, sustentando-se por si mesmo (por exemplo, quando Harold tenta cantar, o que faz desafinado; ou quando a personagem de Elisa Pinheiro, enquanto uma atriz, encontra-se com Harold; são excelentes achados, essencialmente teatrais e cênicos, e que funcionam esplendidamente). Daí, a peça cresce e envolve a plateia, que se torna lacrimosa e aplaude em cena aberta pelo menos três vezes - mais do que justamente.
Neste sentido, o espetáculo, de quase duas horas de duração, deve ser valorizado: a coragem de se trazer à cena brasileira um texto já apresentado enquanto filme norte-americano é sempre algo a ser louvado e reconhecido, desde que não pretenda imitar o filme, simplesmente. Felizmente, salvo estas situações muito pontuais que apontei, isso não ocorre. Por exemplo, a solução de correr cortinas, e os poucos adereços de cena, por que a cenografia de Sérgio Marimba optou, é muito boa, sobretudo porque dá ritmo e continuidade ao espetáculo. Por outro lado, a presença de um elenco que contracena (com destaque para a gaúcha Angela Dip, Elisa Pinheiro e Márcio Vito) e mais um elenco de apoio, permite à encenação andar rapidamente, com diferentes espaços sendo sucessivamente apresentados, sem que se quebre o ritmo de encenação.
O texto de Higgins é uma tentativa (bem-concretizada) de equilibrar realismo (pela escolha do tema) com poesia (o enredo em si): talvez este texto não precisasse avançar na sugestão de uma relação explicitamente amorosa entre os dois personagens; mas isso, embora inverossímil, é justamente a parte poética que cativa o espectador. De minha parte, tendo ido assistir ao espetáculo muito mais pela presença de Glória Menezes do que propriamente pela peça em si, confesso que, não obstante, acabei me envolvendo com a trama, que se desenvolve bem e porque, sobretudo, sustenta-se em personagens bem delineados, como a velha Maude, o jovem Harold, sua mãe Helena e assim por diante. É de se louvar a produção de Maria Siman, que conseguiu colocar em cena um conjunto de "inventos" que realmente funcionam e que tornam mais verídica a encenação e as criações, seja de Maude, seja do jovem Harold, para que alcance fingir seus sucessivos suicídios.
Enfim, eis um teatro de puro divertimento, cujo texto original teve a sensibilidade de assumir um tema então em movimento ascensional (mas que permanece atual, ainda hoje) e cuja produção brasileira alcançou revitalizar-se, sem ficar dependente da referência ao filme ou a qualquer outro elemento externo à própria encenação.
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