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- Publicada em 06 de Outubro de 2015 às 19:59

Romance inusitado sobre mercado literário

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DIVULGAÇÃO/JC
Só faltou o título (Record, 322 páginas, R$ 45,00), romance do porto-alegrense Reginaldo Pujol Filho, chegou para animar a festa e dar prazer literário aos muitos leitores que andavam reclamando que não havia grandes novidades em romances no Brasil.
Só faltou o título (Record, 322 páginas, R$ 45,00), romance do porto-alegrense Reginaldo Pujol Filho, chegou para animar a festa e dar prazer literário aos muitos leitores que andavam reclamando que não havia grandes novidades em romances no Brasil.
Como se sabe, mas não custa lembrar, o autor não é marinheiro de primeira viagem. Já publicou os livros Azar do personagem e Quero ser Reginaldo Pujol Filho. Pós-graduou-se em Artes da Escrita pela Universidade Nova de Lisboa e é mestre em Escrita Criativa pela Pucrs, instituição em que cursa doutorado. Ministra cursos de escrita e colabora com resenhas e artigos para a imprensa.
Só faltou o título foi catalogado como romance, mas, logo nas primeiras linhas, se constata que é um romance diferente, ousado, criativo e engraçado, que foge aos parâmetros ditos convencionais. A narrativa tem até estrutura de romance policial, com crime e investigação, testemunhas, polícia e um julgamento, como na maioria dos romances.
Mas nesse caso, como escreve o autor da orelha, Ricardo Lisias: "há um narrador mal-humorado, distribuindo verdades para quem detesta ouvi-las: os donos do poder da literatura brasileira contemporânea. Do livro policial inusitado passamos assim para a discussão literária. A franqueza do narrador espanta, mas dá força à crítica. Nem mesmo ele se salva. Só faltou o título ultrapassa todos os limites. Não se encaixa em um gênero bem-definido, desrespeita as regras do decoro e da boa convivência entre as personagens ou, mais além, os colegas escritores, não deixa o tempo inteiro de relativizar as próprias possibilidades... A literatura brasileira nunca abriu muito espaço para o expressionismo e a intensidade linguística que ele cria."
Ao colocar Edmundo, o protagonista-escritor apaixonado pela verossimilhança questionando sobre o poder de convencimento de suas histórias e se tornando um "hater old school", escritor raivoso, ressentido e sem internet, Pujol lança na narrativa uma crítica ácida ao mercado literário, aos escritores, editoras e jornalistas. O livro critica até a Record, a poderosa editora que teve a ousadia de publicar o ousado romance. Oficinas literárias, modismos, maneirismos e outros ismos do momento não ficam longe da mira da metralhadora giratória do protagonista. Edmundo acha que o Brasil não é um País, é uma máquina do tempo enguiçada. Questiona as modinhas que não saem de moda há décadas. Mete bronca nos "centauros brasileiros", metade asno, metade papagaio, que repetem velhas fórmulas, esquartejam a gramática, listam palavrões, preocupados só em se exibir, sem maiores ideias ou menores consistências.
Romance criticando o romance, os romancistas, o protagonista, o sistema, tudo. Vai dar o que criticar.

Lançamentos

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DIVULGAÇÃO/JC
  • As vidas e as mortes de Frankenstein (Geração Editorial, 160 páginas), ficção juvenil da paulista Jeanette Rozsas, autora de Kafka e A marca do corvo, traz o estranho vínculo entre uma jovem pesquisadora brasileira na Alemanha, três grandes escritores ingleses do século XIX e um famoso alquimista do século XVII com seu ingênuo discípulo.
  • Prendarella, baseado no conto Cinderella, e Gato de Bombacha, baseado no texto Gato de Botas, ambos com 40 páginas, da Edibook, são os primeiros títulos série Reino Grande do Sul, de R.S. Keller e Marcio Melgareco, ilustrados por Cria Ideias. A série apresentará releituras de clássicos adaptados para a cultura gaúcha.
  • Encontros com o Professor - Cultura brasileira em entrevista (Signi, 141 páginas), do jornalista e professor Ruy Carlos Ostermann, traz entrevistas com expoentes da cultura brasileira, como Fanny Abramovich, Luis Fernando Verissimo, Luiz Coronel, Mário Prata, Luís Augusto Fischer, Ná Ozzetti e outros, feitas durante o projeto, que completou 10 anos.

Bento Gonçalves, Feira do Livro, Aeródromo, Matriz

A convite da Fundação Casa das Artes - Secretaria da Cultura de Bento Gonçalves e do Sesc local, participei de evento integrante da 30ª Feira do Livro de Bento Gonçalves, que teve como tema Primavera das Palavras, e se realizou de 24 de setembro a 4 de outubro, com extensa programação. Modéstia à parte, nasci em Bento, abençoado por Deus e por aquela natureza. Quatorze bancas de livrarias e editoras, com livros com 15% de desconto; Mostra Mario Quintana; Troca-troca de livros (600 exemplares a convite da Fundação Casa das Artes - Secretaria Municipal); e Projeto Leitura em Movimento, da Biblioteca Pública Castro Alves, fizeram parte desta feira, que já é patrimônio cultural do Estado.
Dezenas de eventos, como palestras, oficinas, shows musicais, contação de histórias infantis, sessões de autógrafos, espetáculos de teatro e encontros com escritores como Roni Dall'Igna, Ademir Bacca, Airton Ortiz, Marô Barbieri, Leila Pereira, Alexandre Brito, Christina Dias e outros mostraram que a feira segue firme e forte. Na Via Del Vino, com coberturas plásticas, palco e boa estrutura, especialmente o público infantil pode aproveitar para ler, brincar, ouvir e cantar músicas e conviver.
O patrono foi o escritor Roni Dall'Igna, professor e poeta, autor das obras Reserva Especial; O contador de Histórias; Ave Poeta; Poesia, Palavras; Reserva Especial II; e I Nostri Proverbi, volumes I e II. A escritora homenageada, por sua vez, foi Christina Dias.
Com a Feira do Livro mais Bento em Dança, Encontro de Corais e outros eventos, Bento Gonçalves consolida-se cada vez mais como polo cultural da Serra gaúcha e, a poucos metros dali, os visitantes podiam ver o belo resultado da restauração de quatro anos que foi feita na Igreja Matriz Santo Antônio.
Falando em Via Del Vino, após três anos, o "vinho" voltará a jorrar em Bento Gonçalves. O monumento La Fontana, símbolo turístico conhecido como Chafariz do Vinho, voltará a funcionar, agora ao lado da Casa do Vinho, com águas dançantes e efeitos de luz e som, para muitas fotos. A obra deve ser inaugurada ainda em outubro, quando a cidade faz aniversário.
Mas a grande novidade da Capital Brasileira do Vinho, que a cada dia se torna mais universal, sem dúvida, é o Aérodromo, que deverá ficar pronto em 2015, talvez ainda em outubro. No bairro São Vendelino, na antiga pista de grama do Aeroclube de Bento Gonçalves, será inaugurada uma nova, com 1,4 mil metros de extensão e 23 metros de largura. O Aeroclube de Bento, a prefeitura, a União e iniciativa privada se uniram para o projeto, que serve de exemplo para todos e, literalmente, turbinará ainda mais o turismo na região. Aviões de pequeno e médio porte poderão utilizar a nova pista asfaltada. Segundo Flávio Savaris, presidente do aeroclube, que participou ativamente de tudo, "é um sonho que está se tornando realidade".

A propósito...

A primeira versão deste texto foi escrita com uma caneta de propriedade do querido escritor e professor Roni Dall'Igna, patrono da feira. Juro, foi sem querer que me adonei do objeto. Talvez efeito do vinho. Linda caneta. Na manhã seguinte, não fiz muito ou nenhum esforço para encontrar o dono. Bem, aí o patrono, via Ademir Bacca, perguntou pela caneta. Achei melhor falar a verdade, mesmo sendo escritor como ele e, assim, dado a mentiras. Aí deu-se o melhor: Roni, com a simpatia e a fidalguia de um conde italiano, disse para eu ficar com ela. Insisti em devolver. Não adiantou. Mas disse que escrevesse a respeito. Tomara que o presente não tenha sido totalmente em vão. Grazie Mille!