SPFW apresenta coleções de inverno

Foram 29 desfiles, dezenas de modelos, centenas de peças, cabelos e maquiagens. O São Paulo Fashion Week (SPFW), que, depois de algumas edições, voltou para o prédio da Bienal, no parque Ibirapuera, se encerrou na sexta-feira (23/10), mostrando que, mesmo em meio à crise, a moda segue em evidência.

A estrutura era menor do que nas edições anteriores, o que deixou muitas pessoas do lado de fora das salas, mas a qualidade dos participantes sublinhou que a principal semana de moda da América Latina segue brilhando, assim como os disparos de flashes de dezenas de fotógrafos que dividiram alguns metros quadrados em cada uma das apresentações.

Nas primeiras filas, jornalistas e personalidades de relevância para a moda dividiram espaço com meninas e meninos que talvez ainda não tenham entrado na faculdade. Muitos deles blogueiros com milhares de seguidores no Instragram e Snapchat. Isso é ruim? Não, isso é moda.

A coluna foi conferir de perto as tendências para o próximo inverno. Tanto nas passarelas como nos corredores do prédio da Bienal, a moda está democrática. Os comprimentos das saias variam do mini ao maxi.

Em geral, as coleções foram bem objetivas. Não é possível experimentar muito quando o importante é vender. Por isso, muitas peças saem das passarelas direto para o guarda-roupa do consumidor. Além da situação econômica do País, questões climáticas têm interferido nas escolhas dos estilistas. Cada vez mais as criações não diferem entre o inverno e o verão, o frio e o calor. Mais uma vez, é preciso comercializar o que estará nas araras daqui a seis meses. 

Em geral, predominaram maxi volumes e maxi acessórios. Marcas como a carioca Animale e a mineira Coven destacaram casacos de volumes over size, que caem bem para o clima do Rio Grande do Sul. A Coven, que estreou no SPFW, se inspirou nos mobiliários dos anos 1950 e 1960, geralmente feitos em madeira de jacarandá. As peças, em tricô, mesclaram linhas geométricas, como xadrezes e listras, com o abstrato, nos tons de amarelo, azul, magenta, além do marrom.

A também mineira GIG Couture desfilou peças de tricô inspiradas nas linhas da art déco e nas obras do artista francês Adrien Jacques Garcelon. Os maxi volumes remetem ao sportwear, com muito azul e formas geométricas. Chamou a atenção as peças em estilo unissex, desfiladas por homens e mulheres com naturalidade. Esta foi a primeira linha masculina da marca, que também inovou nos matelassês, desenvolvidos a partir de uma nova técnica no jacquard.

Outro desfile que merece atenção é o de Samuel Cirnansck, que comemorou 15 anos da marca. Conhecido pela sensualidade de suas criações, nesta temporada, o estilista apresentou uma coleção um pouco mais comportada, com um ar entre o elegante e o romântico dos contos de fadas, com muitas cores claras. O contraponto ficou com as plumas, em algumas peças, nos vestidos pretos com muita renda e transparência, e nos calçados do designer Jorge Bischoff. A marca gaúcha de calçados desenvolveu modelos exclusivos, com destaque para a ankle boot revestida de cristais.

Falando em calçado gaúcho, a equipe vencedora da Batalha Criativa da Maratona Mude 2014 (evento promovido pela Abicalçados) fez sua estreia no SPFW. Ana Sabi, Cícero Ibeiro e Vinícius Kniphoff, da marca Okoko & Abel, desenharam, em conjunto com Lino Villaventura, as peças que calçaram os modelos do desfile do estilista. Entre os sapatos produzidos, um sneaker e uma bota com solado em madeira.

Lino Villaventura também foi um dos destaques da semana de moda. Mantendo a tradição de performances dramáticas, o estilista paraense apresentou casacos de tafetá com nervuras em alto relevo, além de silhuetas e modelagens amplas, e encerrou o desfile com um vestido de noiva, até então inédito nas suas criações de passarela.