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Cinema

- Publicada em 15 de Outubro de 2015 às 23:17

A estátua e as torres

O diretor Robert Zemeckis nunca esteve entre os grandes do cinema. Mas ele é um daqueles realizadores que sabem usar os recursos disponíveis para concretizar na tela espetáculos não desprovidos de interesse. Além de realizar a trilogia De volta para o futuro, uma fantasia sobre o tema da viagem no tempo, ele assinou a realização de Forrest Gump, outra fantasia, esta sobre a imaginação, com a qual ganhou o Oscar de direção, além de ter feito do filme o vencedor entre os concorrentes de 1994. O tema de seu melhor trabalho, Náufrago, realizado em 2000, é, de certa maneira, retomado agora, em A travessia, baseado num fato real, um acontecimento nunca antes ocorrido e que nunca será repetido, até porque o elemento principal do cenário deixou de existir. Um homem enfrentando a solidão e inúmeras adversidades para sobreviver, antes, e um equilibrista realizando a maior das façanhas, depois, são personagens que se assemelham na coragem, mas, enquanto o primeiro era jogado na aventura, o segundo a escolhe, ou então não consegue resistir ao desafio que ele próprio imagina estar lhe sendo proposto. Sendo a encenação de um fato verídico, A travessia termina sendo a constatação que, por vezes, a realidade pode ser marcada pela mais delirante das fantasias. Na verdade, um desafio também para o espectador, seja em que dimensão o filme estiver sendo projetado, pois os recursos atuais do cinema fazem com que toda a sequência final se transforme numa experiência inédita e de quem assiste um participante da tentativa de unir as torres do World Trade Center, através da caminhada de um ser humano.
O diretor Robert Zemeckis nunca esteve entre os grandes do cinema. Mas ele é um daqueles realizadores que sabem usar os recursos disponíveis para concretizar na tela espetáculos não desprovidos de interesse. Além de realizar a trilogia De volta para o futuro, uma fantasia sobre o tema da viagem no tempo, ele assinou a realização de Forrest Gump, outra fantasia, esta sobre a imaginação, com a qual ganhou o Oscar de direção, além de ter feito do filme o vencedor entre os concorrentes de 1994. O tema de seu melhor trabalho, Náufrago, realizado em 2000, é, de certa maneira, retomado agora, em A travessia, baseado num fato real, um acontecimento nunca antes ocorrido e que nunca será repetido, até porque o elemento principal do cenário deixou de existir. Um homem enfrentando a solidão e inúmeras adversidades para sobreviver, antes, e um equilibrista realizando a maior das façanhas, depois, são personagens que se assemelham na coragem, mas, enquanto o primeiro era jogado na aventura, o segundo a escolhe, ou então não consegue resistir ao desafio que ele próprio imagina estar lhe sendo proposto. Sendo a encenação de um fato verídico, A travessia termina sendo a constatação que, por vezes, a realidade pode ser marcada pela mais delirante das fantasias. Na verdade, um desafio também para o espectador, seja em que dimensão o filme estiver sendo projetado, pois os recursos atuais do cinema fazem com que toda a sequência final se transforme numa experiência inédita e de quem assiste um participante da tentativa de unir as torres do World Trade Center, através da caminhada de um ser humano.
Os idealizadores e os construtores das Torres Gêmeas jamais poderiam imaginar que sua história começaria e terminaria de tal forma. A façanha de Philippe Petit foi realizada em 7 de agosto de 1974, quando os prédios ainda não estavam totalmente concluídos. Foi, portanto, uma espécie de inauguração não planejada pelos responsáveis pela construção. Em 11 de setembro de 2001, os atentados da Al-Qaeda marcaram o fim daqueles dois marcos arquitetônicos, um epílogo trágico sobre o qual o filme de Zemeckis não faz qualquer referência direta. Este, por sinal, é um mérito do filme, pois o diretor e seus roteiristas sabiam perfeitamente que qualquer citação feita por eles seria desnecessária. As imagens e a memória dos espectadores cumprem tal missão. Como não poderia deixar de ser, o filme segue o caminho do documentário O equilibrista, realizado em 2008 por James Marsh, vencedor do Oscar na categoria e conhecido no Brasil através da tevê por assinatura. Mas Zemeckis acrescenta elementos novos. Um deles é fazer com que o ator Joseph Gordon-Levitt narre os acontecimentos diretamente para o espectador. E ele o faz na Estátua da Liberdade. O símbolo funciona como uma espécie de resposta ao ato que resultou na morte de milhares de inocentes. As analogias permitidas pelo relato são muitas, todas elas ressaltando contraste entre os dois atos: o de desafio e o de destruição. A passagem pelo aeroporto e a forma como os responsáveis pela segurança são enganados fazem que o espectador constate que os procedimentos se assemelham e os propósitos são opostos.
O plano que encerra o filme, com as palavras que constam no documento que permitia a Petit a visita às Torres para sempre e a imagem sendo aos poucos escurecida, é mais eloquente do que qualquer discurso sobre os acontecimentos de 2001. É a força do cinema. Mas todas essas sugestões, necessárias e das quais era impossível o afastamento, não diminuem o impacto de outras imagens e situações de toda a sequência final. São realmente impressionantes os planos nos quais as Torres como que são reconstruídas pelo cinema. E, acima de tudo, as imagens nas alturas, que certamente serão difíceis de suportar pelos que sofrem de vertigem. O autor da façanha a completou com êxito. Todos sabem o que aconteceu. Porém, mesmo assim, o abismo nunca foi explicitado de tal forma. É algo a ser considerado num espetáculo destinado a mostrar do que o cinema é capaz, desde que os primeiros espectadores tentaram escapar do trem dos Lumière.
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