De todas as pessoas que se locomovem pelo Centro de Porto Alegre diariamente, somente 20% utilizam transporte individual, que inclui carro ou moto. Esse segmento, contudo, emite mais de 70% dos gases poluentes da região. Apesar de a zona receber mais de 30 mil viagens de transporte coletivo todos os dias, a poluição gerada pelos ônibus e lotações nos entornos não chega a 28%. O Trensurb, por sua vez, emite apenas 1,5%, e o catamarã, 0,42%.
Os dados foram levantados no Inventário das Emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs) da Mobilidade Urbana na Região Central de Porto Alegre, apresentado nesta quinta-feira pelo Instituto Latino Americano de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Ilades). A entidade venceu licitação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam) e teve seis meses para apurar a situação e apontar sugestões de melhorias.
Segundo o presidente do Ilades, Marcino Rodrigues Junior, a pesquisa é muito positiva, pois mostra maneiras de a população contribuir positivamente com o processo de mudanças climáticas. "Os desastres ambientais que vemos no mundo inteiro têm íntima relação com os gases de efeito estufa emitidos. Mesmo aqui em Porto Alegre, tivemos há pouco a cheia do Guaíba. Um inventário como este sugere maneiras de mitigar o impacto da poluição que produzimos", destaca.
O Ilades, em parceria com a Ecofinance Negócios e o Instituto Segmento de Pesquisas, realizou uma pesquisa com 400 pessoas no Centro. Além disso, a equipe solicitou aos órgãos ligados a transporte informações sobre gastos de combustíveis no ano base de 2013. Com esses dados, foi possível calcular a quantidade de Dióxido de Carbono Equivalente emitido. A metodologia utilizada, Global Protocol for Community-Scale Greenhouse Gas Emissions (GFC), é empregada no mundo inteiro, facilitando a comparação dos números de Porto Alegre com os de outros municípios que já possuem esse inventário, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Fortaleza.
Como ações de mitigação, o Ilades pontuou, como incentivo ao transporte coletivo, a implantação do metrô e sistema BRT, a criação de mais faixas exclusivas para ônibus, o aumento do percentual de combustíveis renováveis na frota de transporte público, a elevação do conforto e da segurança nesses veículos, a reestruturação do itinerário das linhas e a implantação de políticas de desestímulo ao transporte individual.