Leonardo Pujol

Como o casal Rodrigo e Gabriela consolidaram a Perky Shoes no mercado em menos de quatro anos e hoje exportam para diversos países

Marca de alpargatas de Porto Alegre fatura R$ 11 milhões

Leonardo Pujol

Como o casal Rodrigo e Gabriela consolidaram a Perky Shoes no mercado em menos de quatro anos e hoje exportam para diversos países

Um simples passeio pela cidade é suficiente para perceber que as alpargatas estão na moda. Só que diferente do modelo conhecido pelo gaúcho – feito de lona com solado de corda –, os calçados têm versões criativas: são flexíveis, possuem palmilha confortável e estampas coloridas.
Um simples passeio pela cidade é suficiente para perceber que as alpargatas estão na moda. Só que diferente do modelo conhecido pelo gaúcho – feito de lona com solado de corda –, os calçados têm versões criativas: são flexíveis, possuem palmilha confortável e estampas coloridas.
O movimento, diga-se, foi potencializado no início dos anos 2000 pela marca norte-americana Toms, atraindo também grandes empresas brasileiras como Kanui, Dafiti e Havaianas. Alguns empreendedores locais se interessaram pelo mercado. É o caso de Rodrigo Casas, 33 anos, e Gabriela Giovannini, 26. O casal fundou, em dezembro de 2011, a Perky Shoes, marca de alpargatas que no ano passado faturou R$ 11 milhões e, em 2015, deve ultrapassar os R$ 15 milhões.
Criada em Porto Alegre, a empresa nasceu do romance entre os sócios. Casas, argentino, era jornalista em Buenos Aires. Gabriela, gaúcha, estudante de Ciências Sociais em Porto Alegre. Depois de engatarem o namoro fruto de uma viagem dela à capital portenha, Rodrigo veio para o Rio Grande do Sul. Como não queria mais saber de Jornalismo, o hermano pensava em montar um negócio próprio. Conversou com a namorada e, juntos, decidiram enveredar pelo empreendedorismo.
O primeiro insight foi o de importar um produto argentino. Das (muitas) lojas pesquisadas, optaram pela Paez. A marca de alpargatas era reconhecida no país vizinho e, pensava Rodrigo, poderia dar certo no Brasil por conta do clima e do ar descontraído do sapato. O contato, porém, não saiu como esperado. “Os pedidos demoravam e não chegavam no prazo. Com esses problemas de fornecimento, manter a importação era inviável”, explica.
O que parecia o fim do negócio virou o início do empreendimento de sucesso. Quando os sócios comentaram que o projeto não tinha dado certo ao dono da fábrica que fazia os protótipos da Paez, o homem encorajou o casal a criar a própria marca. Matutaram a ideia na cabeça, consultaram a opinião dos amigos e, em setembro de 2011, começaram a estruturar a empresa.
O investimento inicial foi de aproximadamente R$ 500 mil, fruto de empréstimos e do apartamento hipotecado de Gabriela. Três meses depois, após firmar parceria com uma fábrica em Teutônia, na região do Vale do Taquari, os primeiros pares de Perky Shoes estavam prontos. Era hora de vendê-los.
No princípio da nova carreira, iam de porta em porta oferecendo – “na cara de pau” – o produto aos lojistas. “Íamos com um carrinho cheio de protótipos para os shoppings. Não entendíamos nada sobre varejo, mas a gente falava com todo o mundo”, rememora Gabriela. A estratégia, aos poucos, foi dando certo. Ao final do primeiro ano, a marca vendia cerca de 1 000 pares de calçados por mês. No ano seguinte, eram 45 000. A guinada fez a empresa lançar catálogos auxiliares, como a sustentável EcoPerky e a linha infantil Perkyds.
Devido ao crescimento, a Perky precisou se reestruturar. Em 2014, mudou-se para uma nova sede – um sobrado amplo e antigo no bairro Floresta, na Capital. Ali trabalham o casal e outras doze pessoas que cuidam dos núcleos da empresa, como administrativo, marketing e criação. Há também os mascotes Tango e Samba – dois gatinhos cinzas que não paravam de brincar enquanto Rodrigo e Gabriela conversavam com a reportagem do GeraçãoE.
A expansão em plana crise chama atenção. Tanto que a empresa já atraiu investidores – alguns até mesmo interessados em comprar a empresa. Rodrigo e Gabriela, porém, não aceitaram as propostas. “Não é algo que nos interesse. Primeiro, nós mesmos vamos crescer o negócio”, diz Gabriela.
Prestes a completar quatro anos, a marca possui um portfólio variado com 380 modelos – que já não se restringem as alpargatas, mas também docksiders, tênis, botas e outros acessórios – espalhados por todos os estados brasileiros e em países da Europa, Ásia e Oceania. São cerca de 560 pontos de venda no total.
No horizonte, o casal Perky almeja criar um escritório exclusivo para exportações. “Queremos que a exportação, que representa 10% da nossa receita, atualmente, chegue a 25% em dois anos”, projeta Rodrigo. O planejamento inclui também uma matriz industrial na Europa – para baratear o custo logístico da operação e ganhar competitividade frente aos concorrentes. Outro plano, esse marcado para dezembro, é a inauguração da primeira loja da empresa. O local não foi revelado, mas será em Porto Alegre. “Será uma espécie de loja-teste, onde analisaremos, passo a passo, a expansão da empresa. Depois disso, quem sabe, podemos ter outros lojas ou abrir franquias”, cogita o empresário.
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