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Economia

- Publicada em 30 de Setembro de 2015 às 20:11

Para conter dólar, BC já ofereceu R$ 80 bilhões em menos de um mês

Desde o dia 8, Banco Central entrou no mercado da divisa 12 vezes

Desde o dia 8, Banco Central entrou no mercado da divisa 12 vezes


MARK WILSON/AFP/JC
Desde que voltou a atuar no mercado, no início do mês passado, por causa da vaivém do dólar e da curta caminhada para atingir a marca de R$ 4,00, o Banco Central já ofereceu cerca de
Desde que voltou a atuar no mercado, no início do mês passado, por causa da vaivém do dólar e da curta caminhada para atingir a marca de R$ 4,00, o Banco Central já ofereceu cerca de
R$ 80 bilhões de recursos novos aos agentes financeiros. Desde 8 de setembro, véspera do dia em que o Brasil perdeu o selo de bom pagador da agência de classificação Standard & Poors, o BC entrou no mercado 12 vezes. Dos US$ 19,5 bilhões que liberou, efetivamente foram fechados negócios de
US$ 9,961 bilhões - o resultado de duas operações (US$ 3 bilhões) não foi divulgado.
Essas intervenções foram feitas por meio de contratos de swap cambial, que são operações equivalentes à venda de dólar no mercado futuro, e de leilões de linha, que são contratos de venda de dólar com o compromisso de recompra no futuro. Teoricamente, o primeiro provê proteção a quem negocia em moeda estrangeira, e o segundo funciona como uma espécie de "empréstimo", ao oferecer recursos em espécie para honrar negócios, que depois são devolvidos à instituição. Apenas em swaps, a conta está em
US$ 4,131 bilhões.
Dois fatores basicamente fazem com que BC e mercado não fechem negócios pelo valor total oferecido. Um é quando não há tanta demanda assim dos investidores por papéis, e outro é quando a instituição considera que os prêmios exigidos pelos agentes estão fora da realidade de mercado. Isso ocorre mais no caso em que os contratos são de maior duração. Nesta semana, por exemplo, o BC se negou a comercializar um lote por completo, porque as taxas foram consideradas muito elevadas.
Ainda que possa haver um caso ou outro isolado, não há como dizer que os investidores pegam dólar emprestado do BC, neste momento, para tirarem suas aplicações do Brasil. Isso porque o fluxo cambial do País em setembro, até o dia 25, está negativo em apenas US$ 172 milhões. No ano, há entradas líquidas de US$ 11,1 bilhões, com saldo positivo de
US$ 17,1 bilhão do setor comercial e saídas de US$ 6 bilhões do segmento financeiro.
Com a disparada do dólar, o BC tem levado a pior nesses contratos de swap cambial. As perdas com essas operações já somam
R$ 44,9 bilhões em setembro até o dia 25. Nesse mesmo período, o dólar teve uma valorização de 9,25%. O resultado negativo é bem maior do que o de agosto, divulgado oficialmente ontem, de R$ 17,2 bilhões. Portanto, se o ajuste se confirmar próximo do patamar atual até o encerramento de setembro, será o maior prejuízo mensal da história da instituição com essa ferramenta, que foi usada pela primeira vez em 2002.
No ano, as perdas com essas operações já somam R$ 74,3 bilhões para o BC até agosto. Com os dados preliminares de setembro, o prejuízo salta para R$ 119 bilhões. Nessa conta não estão apenas os recursos novos injetados no mês passado, mas também está incluído todo o estoque da instituição, de R$ 380 bilhões. Entre outros componentes estão as rolagens integrais que o BC tem feito, que nada mais são do que postergações de vencimentos que estão para ocorrer agora para prazos mais longos. De acordo com a autarquia, 80% do estoque de contratos de swap estão nas mãos de empresas e de investidores estrangeiros.
Ainda não é possível calcular o custo para a instituição com os leilões de linha. Tudo dependerá da cotação da moeda americana no momento em que o BC fizer a recompra do mercado. As primeiras são previstas para novembro.
Para combater a volatilidade do dólar, o BC preferiu utilizar até agora esses instrumentos e tem relutado em abrir mão das reservas internacionais, no valor de US$ 370 bilhões e que são um colchão de liquidez para momentos de crise. Na quinta-feira da semana passada, o presidente da instituição, Alexandre Tombini, surpreendeu a todos ao aparecer de surpresa a uma coletiva que seria dada por um diretor da instituição.
Na ocasião, ele conseguiu acalmar o mercado com o discurso de que não cederia a pressões e de que as reservas são um mecanismo que pode e deve ser usado pelo BC, ainda que tenha ressalvado que cabe à instituição decidir se, como e quando utilizar esse ou outro instrumento.
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